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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Karajá




Toy Art da Etnia Karajá

#NomesOutros nomes ou grafiasFamília linguísticaInformações demográficas
89KarajáCaraiauna, InyKarajá
UF / PaísPopulaçãoFonte/Ano
GO, MT, PA, TO3198Funasa 2010



Habitantes seculares das margens do rio Araguaia nos estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso, os Karajá têm uma longa convivência com a Sociedade Nacional, o que, no entanto, não os impediu de manter costumes tradicionais do grupo como: a língua nativa, as bonecas de cerâmica, as pescarias familiares, os rituais como a Festa de Aruanã e da Casa Grande (Hetohoky), os enfeites plumários, a cestaria e artesanato em madeira e as pinturas corporais, como os característicos dois círculos na face. Ao mesmo tempo, buscam a convivência temporária nas cidades para adquirir meios de reivindicar seus direitos territoriais, o acesso à saúde, educação bilingüe, entre outros.

 Nome

O nome deste povo na própria língua é Iny, ou seja, "nós". O nome Karajá não é a auto-denominação original. É um nome tupi que se aproxima do significado de "macaco grande". As primeiras fontes do século XVI e XVII, embora incertas, já apresentavam as grafias "Caraiaúnas" ou " Carajaúna". Ehrenreich, em 1888, propôs a grafia Carajahí, mas Krause, em 1908, consagra a grafia Karajá.

 Língua

Segundo o lingüista Aryon dall’Igna Rodrigues, a família Karajá, pertencente ao tronco lingüístico Macro-Jê, se divide em três línguas: Karajá, Javaé e Xambioá. Cada uma delas tem formas diferenciadas de falar de acordo com o sexo do falante. Apesar destas diferenças, todos se entendem. Em algumas aldeias, como em Xambioá (TO) e em Aruanã (GO), devido ao processo do contato com a sociedade nacional, o Português tem sido dominante.

No início da década de 1970, a Funai adotou um programa educacional bilíngüe e bicultural para alguns grupos, entre eles, os Karajá. Este programa, sob a orientação do Sociedade Internacional de Lingüística (Summer Institute of Linguistics), entidade que tem também objetivos religiosos, resultou na tradução da Bíblia na língua karajá
Leque Karajá visto por traz 

Localização

Os Karajá têm o rio Araguaia como um eixo de referência mitológica e social. O território do grupo é definido por uma extensa faixa do vale do rio Araguaia, a ilha do Bananal, que é a maior ilha fluvial do mundo, medindo cerca de dois milhões de hectares. Suas aldeias estão preferencialmente próximas aos lagos e afluentes do rio Araguaia e do rio Javaés, assim como no interior da ilha do Bananal. Cada aldeia estabelece um território específico de pesca, caça e práticas rituais demarcando internamente espaços culturais conhecidos por todo o grupo.

Território Karajá 
Isto mostra uma grande mobilidade dos Karajá, que apresentam como uma de suas feições culturais a exploração dos recursos alimentares do rio Araguaia. Eles têm, ainda hoje, o costume de acampar com suas famílias em busca de melhores pontos de pesca de peixes e de tartarugas, nos lagos, nas praias e nos tributários do rio, onde, no passado, faziam aldeias temporárias, inclusive com a realização de festas, na época da estiagem do Araguaia. Com a chegada das chuvas, mudavam-se para as aldeias construídas nos grandes barrancos, a salvo das subidas das águas, onde, em alguns lugares, ainda hoje fazem suas roças familiares e coletivas, locais de moradia e cemitérios.

 Demografia

Pode-se ter uma idéia dos números populacionais dos grupos de língua karajá a partir dos seguintes anos e dados:

Apesar do contato intenso com a sociedade nacional, tem-se registrado um aumento populacional dos Karajá, que continuam residindo no território tradicional. As aldeias de cada subgrupo estão distribuídas da seguinte maneira:

População Karajá
KarajáJavaéXambioáTotalAnoFonte
---------7,000 a 8,0001775Fonseca, 1920
815---------1908Krause, 1908: 238
795---------1939Lipkind, 1948: 180
1.406---------1980Toral, 1992: 27
1.588---------1990Toral, 1992: 41
1.9007502502.9001995ISA, 1996: vii
±1.500±841202±2.5931997Braggio, 1997
O subgrupo Karajá é formado pela comunidade de Aruanã (GO) que tinha aproximadamente 50 pessoas (dados mais recentes indicam que esta aldeia recebeu mais alguns Karajá motivados pela demarcação da terra, totalizando aproximadamente 70 pessoas), pelas aldeias Santa Isabel do Morro, Fontoura, Macacúba e São Raimundo, no oeste da ilha do Bananal, por aldeias menores como São Domingos e também duas aldeias pequenas próximas ao rio Tapirapé, além de pequenos grupos depois da ponta norte da ilha, totalizando aproximadamente 1.500 pessoas (Braggio, 1997).

O subgrupo Javaé, nas margens do rio Javáes (braço do Araguaia que contorna a margem oriental da ilha do Bananal) e no interior da ilha, tinha por volta de 841 pessoas no ano de 1997, distribuídas em seis comunidades nos municípios de Formoso do Araguaia, Cristalândia e Araguaçu (Braggio, 1997).

O subgrupo Xambioá tinha, no mesmo ano, duas aldeias com 202 indivíduos (Braggio, 1997), no baixo Araguaia.

Dados da Funasa de 2006 revelam um total de 2.532 karajás (Funasa, 2006).

 Histórico do contato

Os estudos históricos informam que os Karajá estiveram em disputa com outros povos indígenas como os Kayapó, os Tapirapé, os Xavante, os Xerente, os Avá-Canoeiro e, menos freqüentemente, com os Bororo e Apinayé, no intuito de salvaguardar seu território. Como resultado deste contato, houve a troca de práticas culturais entre os Karajá, os Tapirapé e os Xikrin (Kayapó).

Com relação ao contato com a sociedade nacional, os textos históricos informam ter havido duas frentes de contato com a sociedade nacional. A primeira é representada pela missões jesuítas da Província do Pará, assinalando a presença do Padre Tomé Ribeiro em 1658, que se encontrou com os Karajá do baixo Araguaia, provavelmente os Xambioá (ou os Karajá do Norte, como preferem ser chamados).

A segunda frente de contato está relacionada com as bandeiras paulistas rumo ao Centro-Oeste e Norte do Brasil, como a expedição de Antônio Pires de Campos, que se estima ter ocorrido entre os anos de 1718 a 1746. A partir destas, várias outras expedições visitaram os Karajá ao longo dos anos e estes foram obrigados a manter um contato constante com a nossa sociedade.

Suas aldeias foram alvos fáceis de inúmeras frentes religiosas, planos governamentais, visitas de presidentes da República como Getulio Vargas (1940) e Juscelino Kubistchek (1960), construção de um hotel de turismo luxuoso e inúmeras visitas de pesquisadores, escritores e jornalistas que retornavam as suas cidades com objetos culturais, como artefatos plumários, remos e as características bonecas de barro feitas pelas mulheres, como é o caso do etnográfo alemão Fritz Krause (1908), do etnográfo norte-americano William Lipkind (1938), do escritor José Mauro de Vasconcelos (década de 60) e dos governadores de Goiás, Henrique Santillo (1988) e do Tocantins, Siqueira Campos (1989).

O processo de contato permanente dos Karajá com a sociedade nacional fez com que eles adotassem bens culturais da sociedade envolvente (alimentação, língua, hábitos, ensino, religião entre outros). A complexidade cultural do grupo é invisível aos olhos não-índios quando, num primeiro momento, se deparam com as marcas do sofrimento impostas pelo contato: a tuberculose, o alcoolismo e a subnutrição, que aumentam a discriminação dos regionais e da população urbana.

Entretanto, os Karajá demonstram força de resistência, ao manter suas principais categorias culturais que os habilitam a negociar este mesmo contato e ao fazer permanecer viva a sua organização cultural e social, a sua identidade indígena, sem abrir mão da cidadania brasileira, participando inclusive como vereadores de cidades ribeirinhas.

 Ciclo de vida

O nascimento de uma criança entre os Karajá é marcado socialmente pela regra da tecnonímia, isto é, quando os pais deixam de ser chamados pelos nomes próprios e passam a ser conhecidos como o pai ou a mãe de ego (aquele que nasceu). No caso do homem, o novo pai passa para uma outra categoria masculina.

O homem é tido como o responsável pela fecundação, sendo necessário copular várias vezes para, de forma gradual, formar a criança no ventre da mãe, considerada apenas como receptora. Após o nascimento, o recém-nascido é lavado com água morna e pintado de urucum.

Na infância, a criança fica a maior parte do tempo com a mãe e avós. Entretanto, a diferença entre os gêneros ganha maior proporção quando o menino chega à idade de sete a oito anos e tem o lábio inferior perfurado com osso de guariba. Depois, ao alcançar a faixa entre dez a doze anos de idade, o menino passa por uma grande festa de iniciação masculina denominada Hetohoky ou Casa Grande.

Eles são pintados com o preto azulado do jenipapo e ficam confinados durante sete dias numa casa ritual chamada de Casa Grande. Os cabelos são cortados e ele é chamado de jyre ou ariranha.

Na primeira menstruação, a moça passa a ser vigiada pela avó materna, ficando isolada. A sua aparição pública, quando está bem enfeitada com pinturas corporais e enfeites plumários para dançar com os Aruanãs, é muito prestigiada pelos homens.

O casamento ideal é aquele arranjado pelas avós dos nubentes, preferencialmente da mesma aldeia, quando os jovens estão aptos a ter relações sexuais. O casamento mais comum é a simples ida do rapaz para a casa da moça, o que pode ser precipitado se algum parente masculino, da parte dela, surpreende algum encontro do casal às escondidas. O homem, uma vez casado, passa a morar na casa da mãe da esposa, seguindo a regra matrilocal. Quando a família se torna numerosa, o casal faz uma casa própria, mas anexa àquela de onde saiu, caracterizando espacialmente a família extensa.

Assim, a mulher mais velha assume um papel central na unidade doméstica, enquanto o homem, com a idade, vai perdendo o prestígio político na praça dos homens, mas se tornando, em compensação, referência de poder espiritual, normalmente exercendo atividades xamanísticas.

No enterro Karajá, o morto é colocado com seus pertences numa esteira no fundo de uma vala; tudo é coberto por varas, lembrando uma casa, na frente do que se coloca uma espécie de pequeno mastro de madeira enfeitado. Outrora se fazia também o enterro secundário, hoje não mais realizado, que consistia em exumar o corpo e colocar os ossos numa vasilha de cerâmica, especialmente preparada pelas parentas do morto.

 Homens e mulheres

Os Karajá estabelecem uma grande divisão social entre os gêneros, definindo socialmente os papéis dos homens e mulheres, previstos nos mitos.

Aos homens cabem a defesa do território, a abertura das roças, as pescarias familiares ou coletivas, as construções das casas de moradia, as discussões políticas formalizadas na Casa de Aruanã ou praça dos homens, a negociação com a sociedade nacional e a condução das principais atividades rituais, já que eles equivalem simbolicamente à importante categoria dos mortos.

As mulheres são responsáveis pela educação dos filhos até a idade da iniciação para os meninos e de modo permanente para as meninas, pelos afazeres domésticos, como cozinhar, colher produtos da roça, pelo cuidado com o casamento dos filhos, normalmente gerenciado pela avós, pela confecção das bonecas de cerâmica, que se tornaram uma importante renda familiar fomentada pelo contato, além da pintura e ornamentação das crianças, das moças e dos homens para os rituais do grupo. No plano ritual, elas são as responsáveis pelo preparo dos alimentos das principais festas e pela memória afetiva da aldeia, que é expressa por meio de choros rituais, especialmente quando alguém fica doente ou morre.

Os Karajá preferem a monogamia e o divórcio é censurado pelo grupo. Se a infidelidade do homem casado se torna pública, os parentes masculinos da mulher abandonada castigam severamente o infrator perante toda a aldeia, numa grande ação dramática, que pode tomar proporções maiores com o acirramento de ânimos entre os grupos domésticos envolvidos, resultando inclusive em queima da casa da família do marido. As mulheres de vida sexual pública, uma vez casadas e com suas unidades domésticas próprias, deixam de receber comentários reprovadores da comunidade, já que a constituição da família é um referencial cultural importante para os Karajá.

 A aldeia

A aldeia é a unidade básica de organização social e política. O poder de decisão é exercido por membros masculinos das famílias extensas, que discutem suas posições na Casa de Aruanã. Não é raro haver rivalidades entre facções de grupos masculinos em disputa pelo poder político da aldeia. Com o contato, um dos homens é eleito "capitão" da aldeia e é responsável pelos assuntos políticos com os agentes externos, como Funai, universidades, ONGs, governos estaduais, entre outros.

Os Karajá têm ainda uma intrigante chefia que, no passado, parece ter tido duas funções: a ritual e a social. Uma criança, do sexo masculino ou feminino, era escolhida pelo chefe ritual, dentre aquelas a ele ligadas por linha paterna, para ser educada como sua sucessora. Tanto o chefe ritual quanto a criança escolhida ainda hoje recebem as mesmas dominações indígenas de ióló e deridu.

As divergências políticas entre aldeias são também comuns, mas a manutenção de uma solidariedade entre elas, motivada no passado pelas guerras contra outras etnias e, no presente, pela reivindicação de demarcação das terras, desocupação dos posseiros e fazendeiros da Ilha do Bananal, é reforçada pelos rituais que incentivam e celebram o encontro entre as aldeias.

 Atividades de subsistência

A alimentação da comunidade é habitualmente a ictiofauna do rio Araguaia e dos lagos. Apreciam alguns mamíferos e demostram especial predileção na captura de araras, jaburus e colhereiros para enfeites plumários.

As roças são feitas nas matas-galeria, com a prática da coivara. Os registros etnográficos e históricos citam o cultivo do milho, da mandioca, da batata, da banana, da melancia, do cará, do amendoim e do feijão. Com as facilidades da cidade, estes produtos se reduzem hoje ao milho, banana, mandioca e melancia. Eles aproveitam também os frutos do cerrado, como o oiti e o pequi, e a coleta do mel silvestre. Às vezes, capturam reses criadas à solta na Ilha do Bananal para o consumo da carne, que não é apreciada pelos mais velhos.

 Arte e cultura material

A cultura material karajá envolve técnicas de construção de casas, tecelagem de algodão, adornos plumários, artefatos de palha, madeira, minerais, concha, cabaça, córtex de árvores e cerâmica.

A pintura corporal é significativa para o grupo. Na puberdade, os jovens de ambos os sexos submetiam-se à aplicação do omarura, dois círculos tatuados nas faces onde a mistura da tinta do jenipapo com a fuligem do carvão era aplicada sobre a face sangrada pelo dente do peixe-cachorra. Hoje, devido ao preconceito da população das cidades ribeirinhas, os jovens apenas desenham os dois círculos na época dos rituais. A pintura do corpo, realizada pelas mulheres, processa-se diferentemente nos homens, de acordo com as categorias de idade, sendo utilizado o sumo do jenipapo, a fuligem de carvão e o urucum. Alguns dos padrões mais comuns são as listas e faixas pretas nas pernas e nos braços. As mãos, os pés e as faces recebem pequeno número de padrões representativos da natureza, de modo especial, a fauna (Fénelon Costa, 1968).

A cestaria, feita tanto pelos homens como pelas mulheres, apresenta motivos trançados inspirados na fauna, como partes do corpo dos animais (Taveira, 1982). A arte cerâmica é exclusiva das mulheres, apresentando os mais variados tipos e motivos, desde utensílios domésticos, como potes e pratos, até bonecas com temas mitológicos, rituais, da vida cotidiana e da fauna.

Motivo de grande interesse dos turistas que visitam as aldeias Karajá, de modo especial nas temporadas da praias do rio Araguaia (junho, agosto e setembro), as bonecas Karajá tornaram-se mais um meio de subsistência do grupo.

Atividade única das mulheres, estas figuras de cerâmica tiveram no passado e ainda têm uma função lúdica para as crianças, mas também é instrumento de socialização da menina, conforme estudou Heloisa Fenélon Costa (1968), onde são modeladas dramatizações de acontecimentos da vida cotidiana. O contato imprimiu modificações quanto ao tamanho (se tornaram maiores) e ao material utilizado, como tinturas químicas. Entretanto, os motivos figurativos e padrões decorativos são mantidos pelas ceramistas mais novas, que inclusive ressaltam figuras dos mitos e dos ritos. É muito comum encontrar as bonecas karajá em lojas de artesanato ou nos museus das cidades.

A plumária é muito elaborada, tendo uma relação direta com os rituais. Com a dificuldade de captura de araras, ave de grande interesse para os Karajá, esta arte tem sido reduzida na sua variedade, permanecendo apenas alguns enfeites, como o lori lori e o aheto, muito usados no ritual de iniciação dos meninos.

Cosmologia

O mito de origem dos Karajá conta que eles moravam numa aldeia, no fundo do rio, onde viviam e formavam a comunidade dos Berahatxi Mahadu, ou povo do fundo das águas. Satisfeitos e gordos, habitavam um espaço restrito e frio. Interessado em conhecer a superfície, um jovem Karajá encontrou uma passagem, inysedena, lugar da mãe da gente (Toral, 1992), na Ilha do Bananal. Fascinado pelas praias e riquezas do Araguaia e pela existência de muito espaço para correr e morar, o jovem reuniu outros Karajá e subiram até a superfície.

Tempos depois, encontraram a morte e as doenças. Tentaram voltar, mas a passagem estava fechada, e guardada por uma grande cobra, por ordem de Koboi, chefe do povo do fundo das águas. Resolveram então se espalhar pelo Araguaia, rio acima e rio abaixo. Com Kynyxiwe, o herói mitológico que viveu entre eles, conheceram os peixes e muitas coisas boas do Araguaia.

Depois de muitas peripécias, o herói casou-se com uma moça Karajá e foi morar na aldeia do céu, cujo povo, os Biu Mahadu, ensinou os Karajá a fazer roças.

Existe uma correspondência simbólica entre a distribuição vertical dos referidos povos míticos e as atuais aldeias Karajá ao longo do vale do rio Araguaia. Os Xambioá são os Iraru Mahadu, o Povo de Baixo, ao norte do Araguaia. Os Karajá da ponta sul da ilha e os de Aruanã são alguns dos representantes do Povo de Cima, ou Ibóó Mahadu, e os Javaé, segundo alguns autores, são o Povo do Meio ou Itua Mahadu (Petesch, 1986 e Rodrigues, 1993). Esta distribuição das aldeias ao longo do Araguaia tem correspondência com a distribuição das casas numa única aldeia, como Santa Isabel, por exemplo, cujas casas formam duas linhas retas paralelas. Se imaginarmos estas duas retas paralelas de casas cortadas por duas transversais, formam-se três segmentos: as casas de cima (rio acima), as casas do meio e as casas de baixo (rio abaixo).

No ritual de iniciação masculina, conhecido como Hetohoky ou Casa Grande, os homens também se dividem em homens de cima, homens de baixo e homens do meio e, na disposição espacial das casas rituais, igualmente tem-se a casa pequena (rio abaixo), a casa grande (rio acima) e casa de Aruanã, que fica sempre no meio destas. Portanto, a localização das aldeias Karajá possui uma razão de ser nesse ou naquele local com relação ao Araguaia, assim como a disposição das casas de moradia, dos cemitérios, das casas rituais, segundo um simbolismo próprio à cultura karajá.

s mitos abordam temas muito variados como: a origem, o extermínio e o recomeço dos Karajá, a origem da agricultura, o veado e o fumo, a origem da chuva, a origem do sol e da lua, o mito de origem dos Aruanãs, as mulheres guerreiras, a origem do homem branco, entre muitos outros. Normalmente, estes mitos estão associados aos rituais e a temas sociais, como o papel dos gêneros, o casamento, o xamanismo e o poder político, as doenças e a morte, o parentesco, as plantações, as pescarias e o contato com os brancos.

A estrutura ritual dos Karajá tem dois grandes cerimoniais como referências: o rito de iniciação masculina, o Hetohoky, e a Festa de Aruanã, que apresentam ciclos anuais, baseando-se na subida e descida do rio Araguaia. Entre outros pequenos ritos, podem ser citados a pescaria coletiva de timbó, a festa do mel, a festa do peixe, além de inúmeros outros inclusos nos grandes rituais dos Aruanãs e do Hetohoky.

Arte plumária Karaja

Para compreender a plumária Karajá é preciso entender a organização do de sua cosmologia. Existem três mundos miticos:

O Mundo das Águas, local de origem dos Karajá, onde está a aldeia dos
 Berahatxi Mahãdu povo do fundo das águas peixes (peixe cuiú-cuiú, pirarucu);

O Mundo da Superfície, que é habitado pelos Karajá(podem ser tanto animais da floresta - veado, onça, raposa); e,

O Mundo do Céu, que é o nível celeste alcançado somente pelos xamãs (hari) durante as viagens espirituais e depois da morte. o plano celeste é governado por Xiburè, é habitado pelos Biuludu (habitantes do Céu) e dentre estes há os Ijasò do céu..

Para os Karajá não há uma distribuição dos animais nos planos cosmológicos como nós pensaríamos, os pássaros não estão sempre ligados ao Mundo do Céu ou os peixes ao Mundo das Águas.

O Urubu-Rei. Portando, não há entre os Karajá uma relação funcional ou utilitarista de classificação do mundo, como já alertou Lévi- Strauss (2010) ao falar do “pensamento selvagem”. Trata
-se de uma relação complexa entre os níveis cosmológicos que são mediados  pelos xamãs a fim de manter o equilíbrio do cosmo.

A maior parte dos adornos de plumária é usada pelos mais jovens, a medida que a pessoa envelhece menos ela os usa. Ao mesmo tempo esses adornos estão, quase que em sua totalidade, relacionados aos rituais; estão presentes: na “dança dos Aruanã”.
Arte plumária Karajá

O Leque de occipício A. conta a historia do heroi mitico Kanakiwe, que pressionou o Urubu Rei (representado pela harpia), a presentear sua tribo com tal representação do disco solar.

Feito com penas rêmiges de harpia (Harpya harpya); da garça branca (Casmerodius albus); penas de voo de arara Canindé (Ara ararauna); retriz de japu (Psarocolius decumanus); coberteiras de asa, provavelmente de arara-canga.

A estrutura e montada em estilete de estipe de palmeira de babaçu, penas são coladas com cera de abelha e amarradas a um suporte grosso de cordel de fios de algodão.
Os Brincos B são de uso masculino, principalmente em cerimônias, feitos com coberteiras inferiores da asa e plumas dorsais da arara-canga (ara macao) e da arara-vermelha (Ara chloroptera), o suporte é de pecíolo de tucum.
O leque de occipício C é feito com penas do de japu (Psarocolius decumanus) e da arara canga.

A coroa vertical D, usada por mulheres é adornada com plumas de da arara-canga (ara macao) e da arara-vermelha (Ara chloroptera).

Cerâmica Karajá

A arte cerâmica é exclusiva das mulheres, apresentando os mais variados tipos e motivos, desde utensílios domésticos, como potes e pratos, até bonecas com temas mitológicos, rituais, da vida cotidiana e da fauna.
Trabalhar a cerâmica é arte exclusiva das mulheres, moldam desde bonecas representando cenas cotidianas da tribo, a vasos e outros utensílios domésticos - abaixo vemos uma caçarola com motivos zoomorfros.

Motivo de grande interesse dos turistas que visitam as aldeias Karajá, de modo especial nas temporadas da praias do rio Araguaia (junho, agosto e setembro), as bonecas Karajá tornaram-se mais um meio de subsistência do grupo.

Atividade única das mulheres, estas figuras de cerâmica tiveram no passado e ainda têm uma função lúdica para as crianças, mas também é instrumento de socialização da menina, conforme estudou Heloisa Fenélon Costa (1968), onde são modeladas dramatizações de acontecimentos da vida cotidiana. O contato imprimiu modificações quanto ao tamanho (se tornaram maiores) e ao material utilizado, como tinturas químicas. Entretanto, os motivos figurativos e padrões decorativos são mantidos pelas ceramistas mais novas, que inclusive ressaltam figuras dos mitos e dos ritos. É muito comum encontrar as bonecas karajá em lojas de artesanato ou nos museus das cidades.

Gramatica Karajá

Segundo o lingüista Aryon dall’Igna Rodrigues, a família Karajá, pertencente ao tronco lingüístico Macro-Jê, se divide em três línguas: Karajá, Javaé e Xambioá. Cada uma delas tem formas diferenciadas de falar de acordo com o sexo do falante. Apesar destas diferenças, todos se entendem. Em algumas aldeias, como em Xambioá (TO) e em Aruanã (GO), devido ao processo do contato com a sociedade nacional, o Português tem sido dominante.

No início da década de 1970, a Funai adotou um programa educacional bilíngüe e bicultural para alguns grupos, entre eles, os Karajá. Este programa, sob a orientação do Sociedade Internacional de Lingüística (Summer Institute of Linguistics), entidade que tem também objetivos religiosos, resultou na tradução da Bíblia na língua karajá.
Jovens Karajás

A língua Karajá apresenta a ocorrência de uma quantidade excepcional de concordâncias, como por exemplo, entre os pronomes e os verbos. A pessoa do pronome -- seja primeira, segunda ou terceira- - é marcada às vezes até por quatro dos afixos do verbo.

1.2 kai -boho te- winy- maha- teny te 2a-PRO PL 2a-TR RV 2a-ASP 2a-PL 2a-TPAS 'Vocês todos continuamente o fizeram (lá).'

As consoantes sublinhadas no verbo do exemplo número 1 marcam a concordância gramatical dos afixos com o pronome plural da segunda pessoa. O sentido de pessoa é marcado quatro vezes, e o número plural uma vez. A convenção necessária para produzir as formas de estrutura de superfície terá a seguinte manifestação: quando a regra transformacional é aplicada, a propriedade [2a pessoa] é copiada do pronome e colocada no verbo. Portanto nisto consiste a convenção diferente: todos os afixos do verbo recebem esta propriedade [2a pessoa] -- seja do pronome, do adverbial ou até mesmo do tempo do verbo.

Esta convenção funciona bem para a sentence 1, pois neste caso todas as partes da frase verbal precisam desta propriedade de 2a pessoa, ou não-1a pessoa, para produzirem as realizações fonéticas próprias do léxico.

2. jiarþ boho r- e- winy- wahã- r- eny- r- e 1a-PRO PL TRL TR RV 1a-ASP TRL PL TRL TPAS "Nós continuamente o fazíamos (lá)'.

No exemplo número 2, a primeira pessoa manifesta a realização fonética numa única posição dentro da frase verbal. Neste caso, um outro tipo de concordância está sendo marcado nas mesmas posições onde a 2a pessoa é marcada na sentença número 1.

A concordância agora é de direção. Para verbos de movimento é a direção da ação (i. e. de lá para cá, ou daqui para lá). Em outros verbos é o local da ação (i. e. aqui, ou em outro lugar). A concordância de direção translocativa substituiu, neste exemplo, o que apareceu como concordância de pessoa nos outros exemplos (terceira pessoa é zero (ou nulo) neste caso, mas nas outras pessoas a direção e a pessoa são ambas marcadas).

3. kai -boho heto b- d -i- winy- mahã- b -d -eny-kre 2a-PRO PL N 2a CIS TR RV 2a-ASP 2a CIS PL FUT 'Vocês todos virão sempre para fazer uma casa'.

Nota-se que no exemplo número 3, a segunda pessoa, a direção cislocativa, e o número plural são marcados simultaneamente entre os afixos de aspecto e tempo futuro-- todas copiadas de outras categorias pela regra transformacional de concordância e colocadas aqui.

Segue um texto em Karajá:

Como Fazer Farinha

1. þnyde, ti-my-bo r-a—wi-dàþ-ma-hã-r-e my a-r-elyy-kre.
2. iny oworu my r-a-ma-hã-r-e majòa-tarasa my.
3. iny r-i-ta-ma-hã-r-e, idi ta, r-i-òka-ma-hã-r-e, òrana di.
4. juhu kòri uri-le r-i-ujuhe-ma-hã-r-e majòa.
5. idi ta r-i-òka-ma-hã-r-e.
6. r-i-òka my r-a-hu di ta, r-i-ruþ-ny-ma-hã-r-e, i-ruþ-dàþ-na ò, i- ruþ-ràbu-ny my.
7. i-ruþ-ràbu-ny my r-a-hu di ta, d-i-wy-ma-hã-d-e hãwo-ro ò tõdee r-i-tõdee-ny-kre my.
8. owitxà-na di r-i-owitxà-ma-hã-r-e.
9. r-i-owitxà-ma-hã-r-e r-a-hu di tahe, inatyhy my r-i-tàdi-ma-hã-r- e ijàre-na ò, heòty r-i-too-na ò.
10. ijàre-na r-a-tòtee ò tahe, r-i-txiwi-ma-hã-r-e, majòa-nyde.
11. tai ta r-i-wi-ny-ma-hã-r-e may-rehe di le, sþ juhu òwòru-may-rehe di.
1. 5.
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
10. 11.
1.6.

Tradução Livre

Eu vou contar como é que a farinha de mandioca é feita. Primeiro a gente tira a mandioca da roça.
Depois disto é ralada com um ralador.
Mas primeiro a casca é tirada
e depois é ralada.
Quando se termina de ralar é colocada na prensa para espremer o suco.
Quando isto esta terminado é levado à canoa para amolecer os pedagos.
É peneirada com a peneira.
Quando esso está terminado, só então é colocada na panela de torrar, em cima do fogo. Então, depois de torrada, sai a farinha de mandioca.
É mexida agora com um facão. Originalmente era um facão de madeira.

Analise do Texto

Na seguinte análise as estruturas subjacentes são postuladas para cada uma das sentenças complexas. Seguem-se as sugeridas transformações aplicáveis na derivação da estrutura de superfície. As partes que são colocadas por transformações nas sentenças simples são sublinhadas e deixadas em branco.
As partes implícitas (ou de contexto subsequente ou prévio) são colocadas entre parênteses.

Vocabulario Karajá/Portugues e Inglês

a    sua (de você) / suya (de usted) / your
aàdòny    deitado, estar / estar acostado / deitado / to be lying down
aaxiny    amolecer / ablandar / to soften
abe    café / café / coffee
abirena    amante / amante / lover
àbò    onda / ola / wave
abòròrò    jacaré / yacare / alligator
abuare    voltar / volver / to return
abyny    partir / partir / to depart
adedorani    arara / guacamayo / macaw
adedura    arara vermelha / guacamayo rojo / red macaw
aderana    prostituta / prostituta / prostitute
aderòna    perfume / perfume / perfume
adi    mãe (sua) / madre (suya) / madre (your)
adòròtòhona    café da manhã / desayuno / breakfast
ahadu    mês / mes / month
ahana    fora / fuera / outside
ahàriny    tratar / tratar / to take care
ahi, ahini    muriçoca / esp. de zancudo / a kind of mosquito
ahiny    chorar (homem) / llorar (hombre) / to cry (man)
ahirana    fezes, excremento / excremento / excrement
aho    lago / laguna / lake
ahohokyn    lago grande / lago largo / great lake
ahola    lobo / lobo / wolf
ahu    acabar, destruir / acabar, destruir / to finish, to destroy
ahylòi    vomitar / vomitar / to vomit
ajuròna    cabaça / calabaza / gourd, calabash
alòsena    prato / plato / dish
anarynyn    festival / festival / festival
aõ    coisa / cosa / thing
aõbina    guerra / guerra / war
aõbo    (interrogativo) / (interrogativo) / (interrogative)
aõherekibo    porque / porqué / why
aõherekiwe    porque / porqué / why
aõheretasyn    o que há? / que hay? / what ?
aõkõ    (negação) / (negación) / (negation)
aõma    (hesitação) / (hesitación) / (hesitation)
aõmy    coisas / cosas / things
aõmysyndàyn    trabalhar / trabajar / to work
aõna    abacaxi / ananá, piña / pineapple
aõnaaõna    coisas / cosas / things
aõni    monstro / monstruo / monster
aõnosõ    generoso / generoso / generous
aõtaxiny    apesar de / a pesar de / in spite of
aõtxino    qualquer lugar / cualquier sitio / any place
aòwòny    subir / subir / to go up
ara    cará / esp. de raiz / a kind of root
àralahu    kaiapó, o povo / el puelbo kaiapo / the Kaiapo people
àre    parte, pedaço / parte / part
àreàre    quebradinho / quiebradito / broken
aria    contar / contar / to count
àro    quebrar / quebrar / to break
àrò    rã / rana / frog
àròby    macaco / mono / ape, monkey
arybe    falar / hablar / to speak
àrysa    xavante, o povo / el pueblo xavante / the Xavante people
àseny    desatar / desatar / to untie
àsetere    corrente / corriente / current
asi    grama, capim, relva / césped / grass
asu    bauba (esp. árvore) / esp. de arból / bauba tree
àtara    colher / coger / to gather, to catch
atariny    inchar / hinchar / to swell
atàynny    acontecer / acontecer / to happen
àtora    peixe / pez, pescado / fish
atxi    localizar em / localizar en / to localize at
aty    derrubar / derrumbar / to throw down
awi    bom / bueno / good
awiny    ccantar / cantar / to sing
axiò    braço / brazo / arm
axiòti    ombro / hombro / shoulder
axiwera    pimenta / ají / pepper
bàde    mundo, sabedoria / mundo, sabiduria / world, wisdon
bàderaty    fruta / fruta / fruit
bàdero    campo / campo / field
bàdi    mel / miel / honey
bàdiu    floresta / bosque / forest
bàdòlee    pirarucu / pirarucu, esp. de pez / pirarucu fish
bàrò    dorso / dorso, espalda / dorsal
bàrure    enxada / azada / hoe
bàte    você (outro) / usted, tu (otro) / you (other)
be    tornar-se / tornarse / to become
be    água / agua / water
beà    porto / puerto / port
beàti    barranca / barranco / ravine
behyra    cesta / canasta / basket
benora    tucunaré, esp. de peixe / esp. de pescado / a kind of fish
beòra    ano / año / year
bera    água / agua / water
bero    rio / río / river
bina    mau / malo / bad
biòwa    amigo / amigo / friend
biri    periquito / perico / parakeet
bisa    arara azul / guacamayo azul / blue macaw
biu    chuva / lluvia / rain
biurasò    manhã / mañana / morning
biuwetòky    céu / cielo / sky
biuyrina    afastador de chuva (objeto)
bo    (interrogação) / (interrogación) / (interrogation)
bohetu    não sei / no sé / I dont know
boho    (plural) / (plural) / (plural)
boo    seu pai (de você) / su padre / your father
bòò    sul / sud, sur / south
bòre    comida / comida / food
bòrò    planta vegetal; arraia / raya / ray (fish)
bosu    disenteria / disentería / dysentery
botuny    juntar / juntar / to join
brasa    limpar / limpiar / to clean
brobure    caracol, caramujo / caracol / periwinkle
bròre    veado / venado / deer
broreni    vaca / vaca / cow
browetya    no meio das costas / nel medio de la espalda / in the middle of back
bru    resina / resina / resin
bryby    cinzas / cenizas / ash
brybysi    pó, poeira / polvo / dust
budòe    veado / venado / deer
budòene    carneiro / carnero / sheep
buhã    boto / golfin / dolphin
butu    todo / todo / all
butxi    pote / pote / pot, jar
byre    tapete / alfombra / carpet
dàà    meu filho ! / mi hijo ! / my son !
dàyn    (causativo) / (causativo) / (causative)
dàynbò    caçula / el hijo menor / the youngest son
debò    mão, dedo / mano, dedo / hand, finger
debò ratin    dorso da mão / dorso de la mano / the dorsal of hand
debò ube    palma da mão / palma de la mano / palm of the hand
debòna    arma / arma / arm, weapon
debòohona    junta / junta / joint
debòsohoji    seis / seis / six
dee    carne / carne / meat, flesh
deei    filha / hija / daughter
dei    penas de enfeite / plumas ornamentales / ornamental featers
deiãsyn    nariz / nariz / nose
deiasyn uy    narinas / ventanas / nostrils
dejue    peixe / pez, pescado / fish
dela    irmão mais velho / hermano más viejo / older brother
delete    veia / vena / vein
denideni    gordo / gordo / fat
deõdàynnany    emagrecer / enmagrecer / to become thin
deòdu    servo / sierve / slave
deòreru    rede de pesca, tarrafa / red, atarraya / fish-net
deòruty    antebraço / antebrazo / forearm
deòte    fila / fila, cola / row, file
deòru    cotovelo / codo / elbow
dera    camisa / camisa / shirt
dera    ódio / odio / hate
deratyti    asa / ala / wing
deròwy    substituto / substituto / substitute
dexi    pulseira / pulsera / bracelet
dexiò    unha / uña / nail
deyn    (interj. de assentimento) / (interj. de asentimiento) / (assent injerct.)
deysa    alegria / alegría / joy
di    com / con / with
do    (indicador de agente; agentivo) / (agentivo) / (agentive)
dò    isca / carnada, cebo / bait
dohodàyn    conselho / consejo / counsel
dohodàynnaheto    casa de conselhos / casa de consejos / counsel house
dòre    papagaio / loro / parrot
dori    porque / porque / because
dòròtò    língua / lengua / tongue
dòròtòijera    saliva / saliva / spittle
dy    levar / llevar / to carry
dyy    cinzas / cenizas / ash
e    procurar / buscar / to look for
eàlà    agradecer / agradecer / to thank for
ele    fôlego, respiração / aliento, respiración / breath
eledày    apressar / apresurar / to hasten
elehyny    descansar / descansar / to rest
eny    (plural) / (plural) / (plural)
eòsa    errar / errar / to make a mistake
eòtany    suspeitar / sospechar / to suspect
eri    tocar, encostar / tocar / to touch
ery    saber / saber / to know
erydàyndu    professor / maestro / teacher
eryn    irmã (de você) / hermana (de usted) / sister (your)
eryri    macaúba / esp. de palmera / a kind of palm tree
esõ    linha de costurar / hilo para costura / thread to sew
esõde    algodão / algodón / cotton
esu    brigar, lutar / bregar, luchar / to fight
etehe    olhar / mirar, ojear / to look
etehõ    buriti / esp. de palmera / a kind of palm tree
exi    (reflexivo) / (reflexivo) / (reflexive)
exiòka    coçar / rascar / to scratch
exiraõ    paciência / paciencia / patience
ha    achar / allar / to find
hãbu    homem, macho / hombre, macho / male, man
hãju    paca / paca / paca, spotted cavy
hàkynna    reter / retener / to retain
hãlàbu    sangue / sangre / blood
hãlòe    jaguar / jaguar / jaguar
hãloeni    gato / gato / cat
hãloo    buraco / hueco / hole
hãnie    galinha / gallina / hen
hãniehãbu    galo (lit. galinha-macho) / gallo / cock
hãretu    barbado (esp. de peixe) / esp. de pescado / a kind of fish
hàri    xamã / paye / shaman
hãriwa    peixe semelhante ao pacu / pacu, esp. de pescado / pacu like-fish
hãru    ciúme / celos / jealousy
hãwa    aldeia / aldea / village
hãwãhãkyn    cidade (lit. aldeia-grande) / ciudad / city
hãwãlò    colina, monte / monte / hill, mount
hãwò    canoa / canoa / canoe
hãwydyra    tatupeba / esp. de armadillo / a kind of armadillo
hãwyy    mulher / mujer / woman
haynseny    vazar / vaciar / to empty
hayny    abrir canoa / abrir canoa / to dig a canoe
he    (forma de hesitação) / (manera de hesitación) / (hesitation form)
he    depois / despues / after
heji    avançar / avanzar / to advance
heka    (verbo auxiliar) / (verbo auxiliar) / (auxiliary verb)
hemylala    cobra / culebra / snake, cobra
hemyny    chegar / llegar / to arrive, to reach
heny    escapar, fugir / huir / to escape
heòty    fogo / fuego / fire
hera    cozinhar / cocinar / to cook
heri    casar / casar / to marry
herina    cama / cama / bed
hete    bater / batir / to beat
heto    casa / casa / house
hety    cobertor / cobertor / blanket; comida / comida / food
hetyny    cobrir / cubrir / to cover
hewou    seguinte / siguiente / next
hirari    menina / niña / young girl
hire    gavião / gavilán / hawk
hoho    (negativo enfático) / (negación enfatica) / (emphatic negative)
hokuja    escutar / escuchar / to listen
hòny    partir / partir / to depart
hoòte    emprestar / prestar / to lend, to borrow
hõrõ    possessão / posesión / possession
hòte    borduna / clava / stick
howyn    seio / seno / breast
howynsy    leite / leche / milk
hydyny    encher / llenar / to fill
hyna    vasilha / vasija / vessel
hynde    sim / sí / yes
hywe-ràbi    lado esquerdo / lado isquierdo / left side
i    estar aqui / estar aqui / to be here
ia    cavar / cavar / to dig
ibàree    doce / dulce / sweet
ibuare    voltar / volver / to return
ibuny    soprar / soplar / to blow
ibute    poucos / pocos / few
ibutxu    apertado / apretado / tight
ibyny    trocar / cambiar / to change
ida    ou / o / or
idere    cozinhar / cocinar / to cook
idi    e, então / e,y, entonces / and, then
ie    procurar / buscar / to look for
iehehe    indisciplinado / indisciplinado / undisciplined
iheruxe    irmão mais novo / hermano más nuevo / younger brother
ihetxi    antigamente / antiguamente / long ago
ijàdoma    moça / muchacha / girl
ijàra    correr / correr / to run
ijare    lagarta / oruga / caterpillar
ijarelàtyn    casulo / capullo / cocoon
ijàrena    farinha / harina / flour
ijasò    dança, espírito / espiritu / spirit; peixe / pez, pescado / fish
ijata    banana / banano, plátano / banana
ijàti    beira d'água, margem, porto / margen, puerto / riverside, port
ije    procurar, batoque / buscar / to look for
ijeradu    corredor / corredor / corridor
ijeti    lábio inferior / labio inferior / lower lip
ijò    abertura / apertura / hole
ijõ    outro / otro / other; próximo / cerca / near
ijohona    lugar de conselho / sitio de consejo / counsel place
ijoi    grupo de homens / grupo de hombres / men's group
ijòrò    raposa / raposa / fox
ijòròsa    cachorro / perro / dog
ijòsiri    bigode / bigote / mustache
ijòsiwi    assobio / silbido / whistle
ijòta    boca de cano / boca de caño / tube mouth
ijòtàbòna    porta / puerta / door
ijoti    barranca / barranco / ravine
ijyy    história / historia / story
ikona    último / último / last
ikotxiny    atravessar / atravesar / to cross
ilàby    preto / negro / black
inataõ    três / tres / three
inatxi    dois / dos / two
inatyhy    verdade / verdad / true
inaubiòwa    quatro / cuatro / four
iny    pessoas / personas / people; nós / nosotros / we
iò    amigo / amigo / friend
iòde    bochecha / moflete, mejillas / cheek  
iõhi    comida para festa / comida para fiesta / party food
iòhò    fechar / cerrar / to close
iòlò    rei / rey / king  
iòry    ir para / ir para / to go to
iòwe    alimentar-se / alimentarse / to feed (refl.)
iràbi    de lá / de allá / from there
iràbu    secar / secar / to dry
irarytxyny    espremer / exprimir / to press out
iratàbòna    tampa / tapa / lid, cover
irehe    longe / lejos / far
iretynhi    puxar / tirar / to pull
iri    abandonar, deixar / abandonar, dejar / to abandon, to let
irò    comer (só carne) / comer solamente carne / to eat meat
irò    podre / podre, podrido / rotten
irodu    animal / animal / beast
iru    vivo / vivo / alive
irurehe    arrastar / arrastrar / to drag
iruriny    escovar algo / cepillar algo / to brush something
iruyn    ralar / rallar / to grate
iruyre    cinco / cinco / five
iry    boca dele / boca de él / his mouth
ise    mãe dele / madre de él / his mother
isò    vermelho / rojo / red
isuisu    sujo / sucio / dirty
isyn    morada / morada / dwelling
iteò    enviar / enviar / to send
iterany    demandar, exigir / demandar, exigir / to demand, to require
itobi    avisar, informar / avisar, informar / to advise, to inform
itõdeny    amaciar / ablandar / to soften
itoruny    empurrar / empujar / to push
ituede    esgotar / agotar / to exhaust, to drain
ituu    molhado / mojado / wet
itxeò    marcador de túmulo, cruz / cruzero / grave's mark, cross
itxere    ver / ver / to see
ityhy    confiar, crer / confiar, creer / to entrust, to trust
ityhydàyndu    crente, cristão / creyente, cristiano / believing, christian
itynmyra    novo / nuevo / new
ityyra    descascar / descarcar / to bark
iurariny    promessa / promesa / promise
iutxie    pesado / pesado / heavy
iwebàse    redondo / redondo / round
iweru    sopa / sopa / soup
iwyriny    rodar / rodear / to roll
ixàby, ixityre    outra vez / otra vez / once again
ixe    dançar / danzar, bailar / to dance
ixihena, ixiwòte    desculpar / disculpar / to excuse
ixiura    colar / collar / necklace
ixiwòtena    refúgio / refugio / refuge
ixiwouritere    aborrecimento / aborrecimiento / dislike
ixixa    acordar-se / despertarse / to wake up
ixiyràbule    mesmo / mismo / same
ixyn    porco / cerdo, puerco / pig
ixynju    caboclo / campesino / peasant
iyja, iyla    pequeno / pequeño / small
iyre    banda, lado, meio / lado, médio / side, middle
jiaryn    eu / yo / I, me
josiri    queixo / quijada / chin
juteseri    barba / barba / beard
juu    dente / diente / tooth
juwàta    piranha / piraña / piranha fish
juwyra    sal (tupi) / sal / salt
juxu    derramar / derramar / to spill
jyra    sal (tupi) / sal / salt
kaa    aquele / aquel, aquello / that one
kai    você / usted / you
kaki    aqui / aqui / here
kànau, kau    ontem / ayer / yesterday
ke    (imperativo) / (imperativo) / imperative)
ki    em / en / in, at
kia    aquele / aquel, aquello / that one
kie    é isto, fim / és esto, fin / this is, end
ko    em frente, antes / delante de / in front
kobe    (interjeição) / (intejección) / (interjection)
kohe    sim / sí / yes
kori    você / usted / you; último / último / last
kòte    desejo / deseo / desire
kowa    ali / allí / there
kre    (futuro) / (futuro) / (future)
ku, kyn    (morfema de chamar) / (morfema de llamar ) / (calling morphem)
kynna    duvidoso / dudoso / doubtful
labie    avô / abuelo / grandfather
làdu    origem / origen / origin
làhà    favor / favor / favor
lahi    avó / abuela / grandmother
lajirà    irmão da mãe / hermano de la madre / mother's brother, tio materno / tío materno / maternal uncle
lala    tipo de cesta / tipo de canasta / a kind of basket
làma    a pé / a pié / on foot
lana    irmã da mãe ou do pai / hermana de la madre o padre / mother's or father's sister
lana    tio / tío / uncle
làsi    jogo / juego, pelea / game
làsina    lugar de brincar / sítio de jugar / play place
late    peixe cachorra / esp. de pescado / a kind of fish
lau    contra / contra / against
lawa    camondongo / ratoncito / mouse
lawahakyn    rato / ratón / rat
lawò    canoa / canoa / canoe
le    (enfático) / (enfático) / (emphatic)
lei    boa, sucuri / anaconda / boa snake
lo    entrar / entrar / to go in
loahi    remédio / remedio / medicine, drug
lòbàròna    semente, plantas / semilla, planta / plant, seed
lòròbàtò    periquito / perico / parakeet
lòrulàdu    piloto do barco / piloto del barco / pilot
lòti    pescoço / pescuezo / neck
lòy    peito / pecho / chest
lòynoho    gravata / corbata / tie
lòysana    laço / lazo / lace
luu    amar / amar / to love
lynre    verde, azul / azul / blue
lyy    contar / contar / to count
maa    fígado / hígado / liver
mahãdu    grupo / grupo / group
mahãduny    completar / completar / to complete, to finish
mai    milho / maíz / corn
maiti    cana de açucar / caña de azucar / sugar cane
maixàmo    arroz / arroz / rice
mana    joelho / rodilla / knee
màrõra    mosquito / zancudo / mosquito
masajua    assustar / asustar / to alarm
matuari    velho / viejo / old man
mawa    arma de fogo / arma de fuego / weapon
mawariòre    revolver / revólver / revolver, gun
may    faca / cuchillo / knife
mayràbu    foice / hoz / scythe
mayrehe    facão, machete / machete / large knife
mo    (interrogativo) / (interrogativo) / (interrogative)
mohõ    larva / gusano / worm
mona    medicina / medicina / medicine
my    obter / obtener / to obtain
mya    manga / mango / mango
myhyn    (continuativo) / (continuativo) / (continuative)
myna    pedra / piedra / stone
myriwe    peixe pequeno / pequeño pescado / small fish
myrõra    mosquito / zancudo / mosquito
myta    urtiga / ortiga / nettle
mytytamytyta    tremer / temblar / to tremble
na    vir / venir / to come; (nominalização); (determinativo)
nadi    mãe (minha) / madre (mia) / mother (my)
nanany    chover / llover / to rain
narehe    chocar ovos / empollar huevos / to hatch egg
narihi    remo / remo / oar
nawii    ave, pássaro / ave, pájaro / bird
nawiie    ema, avestruz / ñandu, avestruz / emu, ostrich
ni    nome / nombre / name
nô    pênis / penis / penis
nohewòru    rabo / cola / tail
nohõ    colar / collar / necklace
nohão    animal de estimação / mascota / mascot, pet
noijesa    flor / flor / flower
nonoe    nevoeiro / niebla / thock fog
nore    camisa / camisa / shirt
nõrõti    orelha / oreja / ear
nõrõti rurena    ouvido (orelha-furo) / oído (oreja-hueco) / ear (ear-hole)
ny    (verbalizador) / (verbalizador) / (verbalizator)
nyhe    dúbio / dudoso / dubious
nyryn    senhor, ancião, homem / señor, anciano, hombre / sir, old man, man
õ    dar / donar / to give
õ    (negação) / (negación) / (negation)
õ    art. indefinido / art. defininido / article
ò    esperar / esperar / to wait; tronco / tronco / trunk
ò    chifre / cuerno / horn
ò    para, por / para, por / to
obàryra    jaguar vermelho / jaguar rojo / red jaguar
obi    ver / ver / to see
òbiti    reto / recto / straight
òbitiny    ajustar, endireitar / ajustar, corregir / to adjust, to straighten
obiu    churrasco / churrasco / barbacue
obu    chorar / llorar / to cry
obuny    nadar / nadar / to swim
òby    completar / completar / to complete, to finish
òde    bochecha / moflete, mejillas / cheek
òhã    tatu / armadillo / armadillo
òhãri    carrapato / garrapatas / tick
òhãru    perigoso / peligroso / danger
õhi    comida para festa / comida para fiesta / party food
òhò    abandonar, sair / abandonar, salir / to abandon, to go out
òhò    voar / volar / to fly
òhòny    sair / salir / to go out
òhotibedu    curandeiro / curandero / medicine man
õhõtiny    pensar / pensar / to think
õhõtisana    enfeite para orelha / afeite para la oreja / ears ornament
òlàdu    inimigo / enemigo / enemy
òlasi    pequi / esp. de fruta / a kind of fruit
òluò    enfeite para lábios / afeite para los labios / lips ornament
òluòni    cedro / esp. de árbol / a kind of tree
òlynre    óleo / azeite / oil
òmarurà    tatuagem / tatuaje / tattoo
òmyta    feijão / frijol / bean
òòby    falar sobre / hablar / to spek about
òòse    voltar / volver / to return
oràko    esforçar-se / esforzarse / to strengthen (refl.)
òraru    culpa, falta / culpa, falta / fault, sin
òraruna    tabu / tabu / taboo
òreny    brigar, lutar / bregar, luchar / to fight
òrera    jacaré / yacare / alligator
orety    costurar / costurar / to sew
õri    anta / danta, tapir / tapir, anta
õrõ    dormir / dormir / to sleep
òru    testa / testa / forehead
òsana    face, rosto, cara / rostro, cara / face
òsàna    talvez / tal vez / maybe
osehewe    ema, avestruz / ñandu, avestruz / emu, ostrich
òta    espécie diferente / espécie diferente / different species
òtadu    flerte / galanteo / flirtation
otàmany    levantar / levantar / to lift
otàyny    fazer / hacer / to do, to make
òteroti    batata doce / camote / sweet potato
òti    fumo, tabaco / tabaco / tobacco
òtii    surpreender / sorprendiente / surprising
òtity    cerca / cercado / fence
òtu    tartaruga / tortuga / turtle
òtuni    tartaruga pequena / tortuga pequeña / small turtle
otxixa    borboleta / mariposa / butterfly
otxuruku    aranha / araña / spider ; coruja / lechuza / owl
òwari    seduzir / seducir / to seduce
owitxà    peneirar / cernir / to sift
owo    pilão / pilón, mortero / pestle
òwòna    escada / escalera / stairs
òwòru    feitiço; árvore / árbol / tree
oworu    roça / roza, chacra / plantation
òwy    preço / precio / price
ra    cabeça / cabeza / head, sobrinha / sobrina / niece
ràbi    de (genit.) / de (genit.) / of (genit.)
rabinabina    arruinado / arruinado / ruined
ràbu    matar, assassinar / matar, asesinar / to kill
rade    cabelo / cabello, pelo / hair
raheto    enfeite para a cabeça / afeite para la cabeza / head ornament
rahy    lugar inabitado / sitio inhabitado / uninhabitaded place
rahyna    segura cabeça; travesseiro / almohada / pillow
rajua    gritar / gritar / to cry
ràki    citar / citar / to quote
ralàby    genro / yerno / son-in-law
ràma    fome / hambre / hunger
raò    esperar / esperar / to wait
rara    urubu, esp. de / esp. de buitre / a kind of vulture
raradòò    árvore, esp. de / esp. de árbol / a kind of tree
rarajie    urubu, esp. de / esp. de buitre / a kind of vulture
rararesa    urubu-rei / esp. de buitre / a kind of vulture
ràsyn    comer / comer / to eat
ràsynna    alimento / alimento / food
rati    cabeça / cabeza / head
rati tyby    crânio (cabeça-velha) / cráneo (cabeza-vieja) / skull (old-head)
ratisa    laço / lazo / lace
reheny    voltar / volver / to return
reroti    corda / cuerda / rope, cord
rirany    andar, caminhar / caminar / to walk
riu    caçar / cazar / to hunt
ro    dentro de / adentro de / inside of
ron    dormir / dormir / to sleep
rooreheny    demorar / demorar / to delay
rora    visitar sexualmente / visitar para sexo / to visit for sex
roro    furar / huecar / to bore
ròte    entrar / entrar / to go in
ròteny    fazer entrar / hacer entrar / to do to go in
roxi    comer / comer / to eat
rua    morder / morder / to bite
rube    lágrima / lágrima / tear
rue    olhos / ojos / eyes
rui    mentir / mentir / to lie
rurawo    círculo / circulo / circle
rure    perfuração / perforación / perforation
ruruna-ràbi    lado direito / lado derecho / right side
ruruny    esforçar-se, reforçar / esforzarse / to strengthen (refl.)
rutin    pernas / piernas / legs
ruu    calça / pantalon / pants; noite / noche / night
ruuni    melancia / sandía / watermelon
ruxe    beleza; sobrancelhas / belleza; ceja / beauty; eyebrown
ruxetòeny    penalizar / causar lástima / to pain
ry    boca / boca / mouth
ry    estrada, caminho / carretera, camino / road, path
rybe    palavra, discurso / palabra, discurso / word, speech
rybeuni    voz do espírito, eco / eco / echo
rybexi    saliva / saliva / spittle
rynana    cadeira / silla / chair
ryri    piranha preta / esp. de pescado / a kind of fish
ryryry    chamar repetidamente / llamar repetidamente / to call over and over
sa    doer / doler / to ache
sàbeny    banhar-se / bañarse / to bath yourself
samo    fruta de oiti / esp. de fruta / a kind of fruit
sàmo    pequeno / pequeño / small
sàny    imitar / imitar / to imitate
se    dançar / danzar, bailar / to dance
sei    gafanhoto / langosta (insec.) / grasshopper
seõny    duvidar / dudar / to doubt
seriòre    criança de minha mãe / niño de mi madre / child of my mother
si    ovo / huevo / egg
sidàyn    botar / poner / to put
sihe    tirar / quitar / to draw out
sihòny    pentear / peinar / to comb
sira    zangar-se / aburrir / to anger
sirany    ser difícil / ser difícil / to be difficult
sõ    queimar / quemar / to burn
sòbe    (exclamação) / (exclamación) / (exclamation)
sohoji    um / uno / one
sòny    amadurecer / madurar / to ripen
soruny    ferir / herir / to wound
sõwe    muitas / muchas / many
su    terra, solo / tierra / earth, soil
suu    lábio superior / labio superior / upper lip
subàròrò    lama / lama / mud
sy    misturar / mesclar / to mix
syn    lar, família / familia / family
synbina    triste / triste / sad
syraru    lago / lago / lake
tà    tirar / quitar / to draw out
ta    dele mesmo / de él mismo / his self
ta    tirar, remover / sacar, remover / to take away, to remove
tàbieny    crescer / crecer / to grow up
tàbò    comida doce / comida dulce / sweet food
tàburu    piolho / piojo / louse
tàby    pai (de você) / padre (de usted) / father (your)
tàbyhykyn    grande / grande / large, big
tadi    sua própria mãe / su propia madre / your own mother
tàdyny    untar / untar / to grease
tai    e, então / y, entonces / and, then
taina    estrela / estrella / star
tàko    molhar / mojar / to wet
tàlà    casco de tartaruga / casco de tortuga / skull turtle
tàmona    lugar de parar / sítio de paradeiro / stop place
tamy    para ele, por ele / para él, por él / to him, by him
tànyny    explicar, esclarecer / explicar, exclarecer / to explain, to clear up
tarawe    periquito / perico / parakeet
tebò    mão (de você)    / mano (de usted) / hand (your)
telesõ    coração / corazón / heart
teòny    mandar sair / mandar salir
teòsiny    mostrar / mostrar / to show
tere    endurecer / endurecer / to harden
teriò    árvore, esp. de / esp. de árbol / a kind of tree
tesewa    garfo / tenedor / fork
tey    enseada / ensenada / cove, inlet
teysa    felicidade / felicidad / happiness
teyteny    sarar, curar / sanar, curar / to cure
ti    (interrogativo) / (interrogativo) / (interrogative)
ti    osso / hueso / bone
tii    ele / él / he
tiowotiny    ajoelhar / arrodillar / to knee down
tirany    rastejar / rastrear / to trace
titàka    amarrar os pés / atar los piés / to tie the feet
tiu    quando / cuando / when
tò    chupar (comer doces) / chupar / to suck
tòeny    recusar / recusar / to refuse
tòera    abóbora / zapayo / pumpkin
tõhewòru    rabo / cola / tail
tohouyn    bebê / nene / baby
tore    pirarara, esp. de peixe / esp. de pescado / a kind of fish
tori    estrangeiro, estranho / forastero / stranger
toritori    coruja pequena / lechuza pequeña / small owl
toriwani    tucano / tucán / toucan
tòtee    calor / calor / heat
tòteeny    esquentar / calientar / to hot
tu    aquele (previamente mencionado) / aquel, aquello / that one
tule    também / también / also
tutyhyki    a propósito / a proposito / by the way
txi    estar localizado em / estar ubicado en / to be placed in
txiò    espera! / espera! / wait!
txioro    tarde / tarde / afternoon
txua    rachar / rajar / to split
txudòera    cupim / comején / termite
txutyty    frio / frío / cold
txuu    sol, dia / sol, dia / sun, day
txynte    estúpido, louco / estúpido, loco / stupid, crazy
ty    sementes; pele, casca, vagina / semillas, piel, cáscara, vagina / seeds, skin, bark, vagina
tya    em cima de / arriba de / over
tyhy    (superlativo) / (superlativo) / (superlative)
tyniny    viagem / viaje / voyage
tynre    verde, azul / azul / blue
tynteny    enrolar, amarrar / amarrar / to tie
tynxi    cheio / lleno / full
tynynraxiny    perguntar / preguntar / to ask
tyre    em cima / arriba / over
tyti    terra seca / tierra seca / dry soil
tyyny    vestir-se / vestirse / to dress oneself
tyyràti    livro, escrita / libro, escrita / book, writting
tyytyby    alma, pele velha / alma, piel vieja / soul, old skin
ubàròrò    sombra / sombra / shadow
uberu    temer, ter medo / temer / to fear, to be amazed
ujàmo    bisbilhotice / comadreo / intrigue
uladu    criança / niño / child
umy    corpo, adulto / cuerpo, adulto / body, adult
umydela    irmão mais velho / hermano más viejo / older brother
umyny    crescer / crecer / to grow up
uni    espírito, fantasma, cadáver / cadáver / soul, corpse
uò    cheirar / olfatear / to smell
ura    branco (cor) / blanco (color) / white (color)
urasaha    pomba / paloma / dove
urena    sempre / siempre / ever
uri    confundir / confundir / to confound
urihi    tentar / tentar / to try
urihimyò    um pouco / poco / a little
urile    só / solo / only, alone
urimynodu    pobre / pobre / poor (n.)
uriny    misturar / mesclar / to mix
uritere    proibição / prohibición / forbidding
urò    cruzar / cruzar / to cross
uru    morrer / morir / to die
urua    morder / morder / to bite
uruny    escurecer / oscurecer / to darken
utxueny    sorrir / sonreir / to smile
uwe    capivara / capibara / capybara
uweju    enfeite para orelha / afeite para la oreja / ears ornament
uwitxyna    coador / colador / colander
uwo    voar / volar / to fly
wa    pé / pié / foot
wa    posses. 1a. pes. / poses. 1a. pers. / posses. 1st. pers.
waa    barriga / vientre / belly
wa bàròtin    dorso do pé / dorso del pié / the dorsal of foot
wa loròò    calcanhar / calcañar / heel
wa tyky    corpo (minha roupa) / cuerpo (mi ropa) / body (my clothes)
wa ube    planta do pé, sola do pé / planta del pié / sole
wabere    esquilo / ardilla / squirrel
wàdàsi    fumar / fumar / to smoke
waha    meu pai / mi padre / my father
wahi    dar / dar / to give
waitue    vinte (lit. pés terminados) / veinte / twenty (lit. feet-off)
walabuu    cabaça / calabaza / gourd, calabash
wariri    tamanduá / tamanduá / anteater
waritidàyn    negar / negar / to deny
wàse    parecido / parecido / resembling
wasi    escondido / escondido / hided
wasidu    ladrão / ladrón / thief
wasiny    roubar / robar / to rob
watxi    veado do campo / venado del campo / field deer
watxini    cabra / cabra / she goat
waura    tucunaré / esp. de pescado / a kind of fish
wawiò    vinte (lit. para o par de pés) / veinte / twenty
waxi    anzol / anzuelo / fishhook
waxidu    pescador / pescador / fisherman
we    bater / batir / to beat
we    em volta, cintura / a la vuelta; cintura / around; waist
we    gordura, graxa / gordura, grasa / fat, slush
webàse    redondo / redondo / round; largura / anchura / width
wedu    dono / dueño / owner
wehyntyn    estreito / estrecho / narrow
weluu    fundura, profundidade/ hondura, profundidad / depth, profundity
were    um meio / un médio / one half
wereysana    cinto / cinto / belt
weriòò    fumar cachimbo / fumar pipa / to smoke pipe
weryri    intestinos, entranhas / intestino / intestine
weryry    moço / muchacho, mozo / young man
weryrybò    adolescente / adolescente / adolescent
wetxu    cativo / cautivo / captive
wewena    reunião / reunión / meeting
wii    recíproco / reciproco / reciprocal
wii    canção / canción / song, music
wiji    hoje, agora / hoy dia, ahora / today, now
winy    fazer / hacer / to do, to make
wiòwiò    ambos os lados / ambos los lados / both side
witxi    costela / costilla / rib
witxi    diferente / diferente / different
wiu    canção / canción / song, music
wodàyn    barulho / barullo / noise
wolohara    latir / latir / to bark
woma    machado, metal / hacha, metal / axe, metal
woo    lugar das emoções / sitio de las emociones / emotions place
woràna    pintura facial, urucu / pintura de la cara, achiote / facial painting; a kind of pigment
woro    acender o fogo / encender el fuego / to light the fire
wotàmony    ferir seriamente / herir seriamente / to wound seriously
wòtenany    esconder / esconder / to hide
wotòeny    sentir pena de outro, lastimar / lastimar / to regret
woudò    verme, lombriga / lombriz / worm
wy    carregar, pegar / cargar, agarrar / to carry, to take
wy    rápido / rápido / fast
wydyna    regra, governo / regla, gobierno / rule, government
wyhy    flecha / frecha / arrow
wylana    meu tio / mi tío / my uncle
wyra    verão, estação da seca / verano / summer
wytese    viúva / viuda / widow
wytyresa    serpente (esp. de) / esp. de serpiente / a kind of serpent
xãwi    bastante / bastante / enough
xibure    esperança, desejo / esperanza, deseo / hope, desire
xie    afastar / alejar / to move away
xiery    porque / porque / because
xiwe    oferta / oferta / offer
xiwede    orgulho / orgullo / proud
y    comer / comer / to eat
yhy    vento / viento / wind
ykara    ódio / odio / hate
yla    pequeno / pequeño / small
yni    ficar em pé / quedar-se de pié / to stay up
ynjiura    mandioca / yuca / manioc
ynnyde    farinha de mandioca / harina de yuca / manioc flour
ynnyra    areia / arena / sand
ynraxi    perguntar / preguntar / to ask
yràbu    guardar; gentileza / guardar; gentileza / to keep; kindness
yse    raspar, coçar / raspar, rascar / to scrape, to scratch
ywa    jatobá / esp. de árbol / a kind of tree
ywiny    consertar / arreglar / to repair
yy    saia / saya / skirt

Nota sobre as fontes
 As referências sobre os Karajá somam aproximadamente 900 títulos (860 dos quais constam na conhecida Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira, de Herbert Baldus), uma vez que, devido à facilidade de navegação do rio Araguaia no tempo das cheias, foram muito visitados por jornalistas, viajantes, missões, agências governamentais, fotógrafos e pesquisadores.

Entre os textos etnográficos mais antigos há a rica descrição de Paul Ehrenreich, que visitou os Karajá em 1888, depois de ter participado da segunda viagem de Karl von den Steinen ao Alto Xingu. Lançado em Berlim em 1891, seu trabalho foi traduzido para o Português por Egon Schaden e publicado com introdução e notas de Herbert Baldus em 1948, com o título "Contribuições para a Etnologia do Brasil", que se inicia com a seção "As tribos Karajá do Araguaia (Goiás)". Depois temos a descrição bastante confiável de Fritz Krause, que viajou pelo Araguaia em 1908 e publicou "Nos sertões do Brasil".

Após esses pioneiros alemães, vem o antropólogo norte-americano William Lipkind, que publicou em 1948 sua etnografia sobre os Karajá com base em trabalho de campo realizado nos anos de 1938 e 1939. Vale notar que Herbert Baldus, que se dedicava nessa época ao estudos dos Tapirapé, nas suas passagens pelo Araguaia visitou os Karajá em 1935 e 1947, e escreveu três artigos que incluem dados que colheu entre eles: "Mitologia Karajá e Tereno", onde os mitos dos primeiros ocupam a maior parte do trabalho; "A mudança de cultura entre os índios do Brasil"; e "Tribos da bacia do Araguaia e o Serviço de Proteção aos Índios".

Nas décadas de 20 e 30 do século XX, várias expedições paulistas, incluindo jornalistas, fotógrafos e exploradores, viajam pelo rio Araguaia em busca da serra do Roncador e os Karajá são muitos visitados e noticiados. Em 1954, o arqueólogo Mário Ferreira Simões estuda as ceramistas da aldeias Karajá e os resultados estão em "Cerâmica karajá e outras notas etnográficas" (1992).

As etnografias modernas iniciam-se com a tese de livre docência de Maria Heloísa Costa Fénelon sobre a arte e o artista Karajá em 1968. Edna Luiza Taveira de Melo publica, em 1982, a sua tese de mestrado "Etnografia da cesta karajá". No mesmo ano, George R. Donahue Júnior defende a sua tese de doutorado pela Universidade da Virginia, oferecendo uma visão geral dos Karajá. Em 1987, a antropóloga francesa Nathalie Petesch apresenta uma proposta de classificação dos Karajá no quadro etnológico do Brasil Central e, no ano de 1991, Manuel Ferreira Lima Filho conclui sua tese de mestrado pela Universidade de Brasília sobre o rito de iniciação dos meninos Karajá. Depois, registram-se ainda três importantes teses sobre os Karajá: o mestrado de André Amaral de Toral (1992) pelo Museu Nacional, com uma etnografia mais ampla sobre os Karajá; e o doutorado de Nathalie Petesch pela Universidade de Paris X no mesmo ano.

É importante ressaltar ainda as considerações antropológicas sobre os efeitos da construção da Hidrovia Tocantins-Araguaia para os Karajá contida no relatório da FADESP de outubro de 1999.

 Fontes de informação

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BRESIL : Arts prehistoriques, la conquete portugaise et l'art baroque, cultures indiennes, de l'esclavage a l'ere industrielle. Paris : SFBD Archeologia, 1992. 77 p. (Dossiers d'Archeologie, 169)
BRIGIDO, Suely Ventura. A poética dos ritmos e dos movimentos caóticos : uma leitura do espaço e do tempo, a partir dos conteúdos estéticos e culturais dos índios Karajá. Rev. da Academia Nacional de Música, Rio de Janeiro : Academia Nacional de Música, n. 11, p. 61-76, 2000.
BUENO, Marielys Siqueira. Macaúba : uma aldeia Karajá em contato com a civilização. Goiânia : UFGO, 1975. 92 p. (Dissertação de Mestrado)
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--------. Estudo de Impacto Ambiental - Hidrovia Araguaia-Tocantins : diagnóstico ambiental Karajá. São Paulo : s.ed., 1997. 127 p.
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TSUPAL, Nancy Antunes. Educação indígena bilingue, particularmente entre Karajá e Xavante : alguns aspectos pedagógicos, considerações e sugestões. Brasília : UnB, 1979. 157 p. (Dissertação de Mestrado)
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Tigrero : the film that was never made. Dir.: Mika Kaurismaki. Filme Cor, 35 mm, 1994.

Fonte: FORTUNE, David Lee (ILV), Gr. Macro-Ge, Karajá. ILV: Braz. KARAJA. KPJ ), (ILV) e PALHA, Fr. Luiz (parcial) Localização: Ilha do Bananal e rio Araguaia. Sinonímia Carajá.
[Colaboração de Victor A. Petrucci (ver links).]

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