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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Quais são as línguas indígenas mais faladas no Brasil

Dialogo em Tupi antigo por indios Tupinambá - Qual é seu nome? Mará-pe nde rera? /  Xe rera Pindobuçu  Eu me chamo Pindobuçu

A resposta duplamente errada seria  “o Tupi-Guarani é o idioma mais falado depois do português”.

O equivoco é duplo por que o primeiro idioma mais falado é o Tikuna, com 34mil falantes no Brasil. E segundo por que o ‘Tupi-Guarani’ não é um idioma, mas sim um tronco lingüístico.

Nheengatú está mais próximo do Tupi do que do Guarani

Nheengatu é uma língua indígena muito falada na região amazônica, o termo é usado para designar o tal tronco linguístico, como vimos acima, que vem de uma antiga protolíngua que deu origem a várias línguas como o Tupi, o Guarani e o Nheengatú.

O mesmo aconteceu com o francês, o espanhol e o português que vieram da protolíngua Latim, para melhor perceber essa diferença, veja o exemplo a seguir:

A fala em Portugês

'Quem são essas mulheres? 
- Elas são as preparadoras do Cauim' 

ficaria assim nas três outras línguas*:

- Tupi 
Abá-pe kûei Kunhã?
Kaûĩ apó-sará.

- Guarani PR
Mavápá umi Kuña?
Caxirí ombosako'iva.

- Nheengatú
- Awá taá nhaã kunhã?
- Kawĩ munhanɡara aé.

É importante dizer que a tradução da constituição foi feita com precisão e sensibilidade cultural, envolvendo os próprios membros das comunidades indígenas para garantir que as nuances e particularidades linguísticas fossem devidamente respeitadas.

* como há variações regionais dessas línguas essencialmente orais, talvez haja variações ortográficas em regiões distintas.

O Proto-tupi-guarani foi falado entre 3.000 e 5.000 anos atrás e passou a se diferenciar do Guarani pelas diferentes rotas de expansão dos povos, e pelas guerras. Veja aqui mais exemplos de suas diferenças:

- Português
Como é seu nome?
Eu me chamo Luiz

- Tupi
Mba pende rera?
Xe rera Luiz.

- Guarani
Mba ê chapá nderera?
Xe rera Luiz

Já aqui a diferença é maior:

- Português
Quem são aquelas mulheres?
São as preparadoras de Cauim.

- Tupi
Abá-pe kûeî Kunha?
Kaûĩapó-sara.

- Guarani
Mávapa umi Kuña?
Chicha ombusako íva.

 O Tupi, faladopor muitas etnias, entre elas o  Tupinambá, por ser o idioma mais usado ao longo da costa atlântica durante o processo de colonização, foi incorporado por grande parte dos colonos e missionários, sendo ensinado aos índios nas missões e reconhecida como Língua Geral ou Nheengatu. Até hoje, muitas palavras de origem Tupi fazem parte do vocabulário dos brasileiros como socar, caipira, capim, etc..

 O IBGE aprimorou a investigação sobre a população indígena no Brasil no ano de 2010 e identificou que dos 896,9 mil indígenas, 36,2% residia em áreas urbanas e o português era falado por 605,2 mil deles, 76,9% em reservas indígenas e 96,5% fora delas.

No total são 305 etnias falando 274 línguas, destas 160 são substancialmente diferentes uma das outras, distribuídas em 21 grupos lingüísticos (veja http://indigenasbrasileiros.blogspot.com/2016/01/indios-brasileiros-em-toy-art-grupos.html ) distintos. A etnia Tikúna é a que tem o maior numero de integrantes na America, com 46,1 mil indígenas, sendo 34mil no Brasil e também o segundo idioma mais falado no Brasil, além do português com 34,1 mil falantes.

O grupo linguistico Tupi-Guarani só aparece em 4o lugar com 19 mil falantes e através da etnia Guajajara (nas tabelas como Tenetehara), e em 7o lugar por meio do Nheengatú, o idioma que mais se aproxima do Tupi Antigo, ainda hoje falado em São Miguel da Cachoeira, cidade considerada como a Meca dos idiomas indígenas no Brasil.

São Gabriel da Cachoeira, Um Resumo do Brasil Indígena

Para entender um pouco mais as muitas línguas faladas no Brasil, vamos analisar a cidade amazônica de São Gabriel da Cachoeira, município com cerca de 42 mil habitantes, um retrato vivo da riqueza e da diversidade do Brasil indígena. 

A cidade encontra-se no coração da região amazônica, muito isolada dde outras localidades, na fronteira com a Colômbia e a Venezuela, no estado do Amazonas,  às margens do Rio Negro, cerca de 850 km a noroeste de Manaus.

Para chegar a São Gabriel da Cachoeira, existem duas principais opções. A maneira mais comum e conveniente é voar para o Aeroporto Regional da cidade, com voos operados por companhias aéreas como Azul e MAP, partindo de Manaus. 

Alternativamente, os aventureiros podem optar por uma emocionante jornada de barco saindo de Manaus, com a empresa Lady Luiza. Esta viagem de barco oferece duas opções: a lancha "Expresso", que leva cerca de 24 horas, ou o "Ferry Boat", uma opção mais longa que pode durar de 3 a 4 dias, proporcionando uma experiência única pelos rios da Amazônia. O destino final da viagem de barco é o Porto de Camanaus, seguido por um trecho de cerca de 24 km de carro, táxi ou van até São Gabriel da Cachoeira.

Esta cidade é única em muitos aspectos, destacando-se pelas suas múltiplas línguas oficiais, que incluem, além do português, três línguas indígenas reconhecidas como oficiais: Nheengatu, Tukano e Baniwa. 

A razão dessa diversidade linguística está profundamente enraizada na demografia local, já que São Gabriel da Cachoeira abriga a maior população indígena do país, composta por mais de 20 etnias diferentes.

Essa riqueza cultural e linguística é reflexo da vastidão das tradições e línguas que moldaram a identidade indígena no Brasil. O município também é emblemático por ser sede da maior Diocese do Brasil, com área territorial de 290 mil km², superando até mesmo alguns países inteiros, como Cuba e Coreia do Norte.

Para se ter ideia da magnitude desta área, ela é semelhante a todo o território da Itália, que ocupa 301.388 km². Assim, São Gabriel da Cachoeira não representa apenas uma vasta paisagem geográfica, mas também é um resumo do Brasil indígena, onde diversas culturas, línguas e tradições se encontram e coexistem, celebrando a riqueza da herança indígena tão essencial à identidade nacional de o Brasil.

As mais de 274 línguas

Tal como no microcosmos de São Gabriel da Cachoeira, o Brasil como um todo possui só de idiomas indígenas 274 idiomas, essa riqueza linguística reflete a diversidade cultural do país.

A seguir vejamos quais são as linguas mais faladads no Brasil.

Tab 1 - População indígena, números gerais e dentro do território brasileiro:
.

No
Etnia
População Geral
População no Brasil
Grupo Lingúistico
1
Tikuna
46.045
39.349
Tikuna
2
Guarani Kaiowá
43.401
35,276
Tupi Guarani
3
Kaingang
37.470
31.814
4
Makuxi
28.912
22.568
Karib
5
Terena
28.845
19.219
Aruak
6
Tenetehara
24.428
19.955
Tupi Guarani
7
Yanomami
21.982
20.604
Yanomami
8
Potiguara
20.554
15.240
Tupi-Guarani
9
Xavante
19.259
15.953
10
Pataxó
13.588
7.207
11
Sateré-Mawé
13.310
11.060
Tupi-Guarani
12
Mundurukú
13.103
8.845
Tupi-Guarani
13
Murá
12.479
3.460
Murá
14
Xukurú
12.471
7.508
Xukurú
15
Baré
11.990
2.794
Aruak


Tab 2 -  Número aproximado de falantes do idioma, números gerais e dentro do território brasileiro:

No
Etnia
População Geral
População no Brasil
Grupo Lingúistico
1
Tikuna
42.000
34.000
Tikuna
2
Kaingang
25.000
23.000
3
Terena
20.000
19.000
aruak
4
Tenetehara
19.000
18.000
Tupi-Guarani
5
Guarani Kayowá & M’bya
18,000
18.000
Tupi-Guarani
6
Makuxi
15.000
15.000
Karib
7
Nheengatú
15.000
15.000
Tupi-Guarani
8
Xavante
13.000
13.000
9
Mundukuru
10.000
10.000
Tupi-Guarani
10
Pirahã
10.000
10.000
Murá
.

Uma vez identificados os idiomas mais falados no Brasil, seguimos mostrando suas características principais. É importante dizer que o território brasileiro tem dimensões continentais e muitas dessas tribos eram beligerantes, não tinham muita harmonia com seus vizinhos desde o período holoceno, acredita-se que até o mesmo desde o pleistoceno – com isso, os idiomas acabaram se distanciando muito. Pelo grau de diferenciação de um idioma e outro, que tenham a mesma origem, é possível estimar a quanto tempo eles se separaram, é a chamada Glotocronologia de Morris Swadish.

Suponhamos que uma tribo tenha tido uma briga na qual formaram-se dois grupos, um deles decide formar uma nova tribo (isso aconteceu muito por aqui) com o passar do tempo gírias são criadas, palavras são esquecidas e reinventadas, e novos objetos precisam de novos nomes. É assim que surge um novo idioma.

Segundo Swadish, uma taxa de 81% de cognatos (palavras semelhantes), indicaria aproximados 500 anos da separação, 36% indicaria 2.500 anos e por ai vai...

Decidimos levar em consideração elementos emblemáticos da fala para descrever suas diferenças, tal como a nasalização, se a consoante é oclusiva ou fricativa ( o ‘B’ do Tupi-Antigo por exemplo é fricativo, ou seja, para pronunciá-lo os lábios não se fecham, assim o ‘be’ teria som de ‘we’ ).  Observamos também a prosódia, o ritmo e todas as propriedades acústicas da fala que não podem ser preditas pela transcrição fonética. Em todas as línguas a fala possui ritmo, embora o seu ritmo dependa da natureza de cada língua. O francês ou o italiano, por exemplo, integram-se ao ritmo silábico no qual todas as sílabas tendem a articular-se durante um tempo aproximadamente igual.

0 – Tupi Antigo

Comecemos pela estrela dos idiomas brasileiros, o Tupi Antigo. Alem de ser o idioma que tem mais documentação acadêmica, é também o que mais conhecemos por fazer parte do nosso dia-a-dia, através de nomes de cidades, pontes, shopping centers, etc.. 

O Tupi antigo, na forma de Língua Geral Paulistana ou Língua Brasílica, foi o idioma mais falado no Brasil até 1750, quando o Marques de Pombal proibiu seu uso em detrimento do Português e expulsou os Jesuítas para Portugal, principais patrocinadores do idioma no Brasil.

Algumas iniciativas isoladas tentam trazer esse importante idioma a tona, no ano de 1994 o Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro aprovou uma recomendação para que o Tupi Antigo fosse ensinado nas escolas de segundo grau e o professor Eduardo Navarro da USP, assim como o personagem fictício Policarpo Quaresma, ainda tem por objetivo lutar pela inclusão do idioma Tupi Antigo como matéria optativa no currículo das escolas paulistas. Eu mesmo aprendi o Tupi Antigo para desenvolver a recriação da receita do Cauim http://ameobrasil.blogspot.com/2015/10/cauim-carauna-o-primeiro-cauim.html , por esse motivo, uso esse idioma como base de referência lingüística, tal qual o Latin para idiomas europeus.

Vogais


oral
oral
nasal
oral
nasal
i
ĩ
ɨ
ɨ̃
u
ũ
ɛ
ɛ̃


ɔ
ɔ̃


a
ã



Consoantes


Pós-alveolar

Surda
Sonora
Surda
Sonora
Surda
Sonora
Oclusiva
p
b ~ mb
t
d ~ ⁿd


k
g ~ ŋg
ʔ
Nasal
m


n

ɲ

ŋ

Fricativa

β
s

ʃ


ɣ

Semivogal

w



j



Vibrante simples



ɾ






Gramática

O Tupi Antigo é um idioma que se caracteriza pela fala nasal, sujeito-verbo-objeto (SVO), portadora de média complexidade do ponto de vista linguístico, fonológicas e sintáticas, com pausas (representadas aqui pelo uso do hífen) e tem sons não encontrados na língua portuguesa como o ‘y’ que tem o som do corresponde ao hamza do árabe – ybytyra ( ißi ' tira ) - montanha ; “ y [ Pi ] – água.

No Tupi Antigo os verbos de segunda classe são na verdade adjetivos, por não existir os verbos ‘ser/estar’ , para expressar ação usas-se a adjetivação do substantivo - dessa forma, eu não posso dizer ‘Eu me lembro, tenho que dizer ‘sou lembrante’, 

Se quero dizer 'Eu me lembro de sua mãe' devo dizer –‘xe’ma enduar nde sy (resé)’ – lit. Eu sou lembrante (a respeito) de sua mãe.

Uma coisa que eu particularmente gosto do Tupi Antigo é que de forma conceitual, uma pessoa não pode possuir terras, animais e pessoas, e essa noção filosófica é expressa na gramática do idioma; é errado escrever Pindobuçu Ybirá (a arvore de Pindobuçu), isso é inconcebível, pois a árvore pertence à natureza.

Existem os chamados 'nomes possíveis', objetos que permitem a posse, tais como ‘xe akanga’ minha cabeça, ‘Tukana tî’ bico do tucano, ou ‘abati potira’ (a flor do milho), etc.  

E existem os 'nomes impossíveis', elementos que não podem ser possuídos por humanos, como ybaka (céu), pirá (peixe), Ybirá (arvore, como já vimos).

Verbos

Os verbos do tupi antigo não expressam tempo,nem presente ou passado, assim como diversos outros idiomas indígenas da America do Sul, a primeira pessoa do plural, ‘nós’ é dividido em inclusivo, quando o ouvinte faz parte do grupo e exclusivo quando este é excluído, exemplo:

-Se dissermos aos índios “nós somos portugueses”, os índios não fazem parte desse grupo, dessa forma usa-se ‘oré peró’ 
- Se dissermos porem “nós morreremos um dia”, ai sim os índios fazem parte do grupo, dessa forma usa-se Îandé.

Diferentemente do português, o morfema que muda o verbo vem na frente, ou seja, o verbo chegar em português é conjugado da seguinte forma:

Eu che’go – Eu (NOM) che (raiz) go (morfema que muda)
Tu che’gas – Eu (NOM) che (raiz) go (morfema que muda)
 Ele che’ga – Eu (NOM) che (raiz) go (morfema que muda)
----

Repare que o morfema que muda o vrebo vem na frente:

(Ixé) a-syc – Ixé (NOM) a (morfema que muda) syc (raiz) 
(Endé) ere-syc – Endé (NOM) ere (morfema que muda) syc (raiz) 

outros verbos:

Verbo falar - Infinitivo: nhe´eng-a
(Ixé) a-nhe´eng = eu falo 
(Endé) ere-nhe´eng = tu falas 
(A´e) o-nhe´eng = ele fala, falou 
(Îandé) îa-nhe´eng = nós falamos (inclusivo) 
(Oré) oro-nhe´eng = nós falamos (exclusivo) 
(Pe´ẽ) pe-nhe´eng = vós falais 
(A´e) o-nhe´eng = eles falam 

Texto em Tupi Antigo

“Cauim é uma bebida alcoólica tradicional dos povos indígenas do Brasil desde tempos pré-colombianos. 

Ainda feito hoje em reservas indígenas, o cauim é feito através da fermentação alcoólica da mandioca e tem graduação alcoólica entre 8 e 12 por cento”.

—-

Kaûĩ tembi'u karaíba kaûĩtatáramo oikó. 
Kaûĩapósára kaûĩ oîapó 
abaeté brasil suíxuára rekoágûéra rupi.
Akûeî abaeté o-ka'ú amẽ Brasil-pe 
a'e karaíba Colombo séryba'e îepotára renondé. 

Kaûĩ îapópýramo oîkó ko'yr abé abáeté retãme. 
Asé kaûĩ oîapó mani'oka ratãngatú "fermentação alcoólica" 'îába rupi. 
Ko'yté Satãngatú oîkó oito suí doze por cento pukúî.

——-
Tradução 
———

Kaûĩ tembi'u (A bebida Cauim) karaíba kaûĩtatáramo (Como a aguardente dos Caraíbas) oikó (é)

Kaûĩapósára (os preparadores de Cauim) kaûĩ oîapó 
abaeté (índios legítimos) brasil suíxuára (do Brasil) rekoágûéra (O costume antigo) rupi (de acordo com)

Akûeî abaeté (aqueles índios legítimos) o-ka’ú (bebiam Cauim) amẽ (costumeiramente) Brasil-pe (no Brasil)

a'e karaíba Colombo séryba'e (aquele caraíba que tem o nome Colombo)  îepotára (a chegada por mar) renondé (antes de)

Kaûĩ îapópýramo oîkó (Cauim como que é preparado) ko'yr (hoje) abé (também) abáeté retãme (na terra dos índios legítimos - nas aldeias) 

Asé kaûĩ oîapó (prepara-se Cauim) mani'oka ratãngatú (A força da mandioca) “fermentação alcoólica" 'îába (chamada fermentação alcoólica) rupi (através de)

Ko'yté (enfim) Satãngatú oîkó (a força dela é)oito suí (de oito) doze por cento pukúî (até doze por cento) 

——

Asé ka’ugûasúreme, o nhemomara’áramo.
Tábo asé sabeypóra i abaeté.
Îandé tekokuábamo t’îaka’ú.

Quando a gente bebe muito, se torna doente.
A embriaguez pelas aldeias é terrível.
Vamos beber sendo prudentes.

——-

Peîeapysaká!
Ta’ýra t’oka’ú umẽ o 18 ro’ý mopore’ỹme bé.

Escutai bem!
Que as crianças não bebam antes de completarem 18 anos.


Dialogo da etnia Tikuna: taxacüi cuega = ‘Como é o seu nome?’ - Chaega Eni – Meu nome é Eni





Tikuna é o idioma autóctone mais falado no Brasil, é tonal, sujeito-verbo-objeto (SVO), portador de grande complexidade do ponto de vista linguístico, fonológicas e sintáticas. Como ja vimos, é falado por uma grande população que vive na região amazônica e se estende por três países fronteiriços: Brasil, Colômbia e Peru.

Os índios Tikuna autodenominavam-se a nação Magüta que significa “povo pescado com vara” por Yo’i, seu principal herói mitológico. A designação “Tikuna” se originou do idioma Tupi e significa “nariz preto”, em referência ao costume Tikuna de pintar o rosto com tinta de jenipapo para indicar a pertença a determinados clãs.

Por se tratar de um idioma importante da cultura brasileira, foi criado o Conselho Geral da Tribo Ticuna (CGTT), a primeira organização indígena de escala local a funcionar no Brasil. Através do CGTT, os Ticuna articulariam sua vigorosa luta pela autodeterminação e pelo reconhecimento dos seus direitos territoriais, assim como as questões vinculadas à saúde e à educação.

Vogais



Oral

A
E
I
O
U

Nasal
Ã
Ĩ
Õ
Ũ
Ü
Ǖ.

Consoantes


Pós-alveolar

Surda
Sonora
Surda
Sonora
Surda
Sonora
Oclusiva
P
B
T
D


K
G
H
Nasal
M


N

N

N

Fricativa

b
S

F


Y

Semivogal

W



J



Vibrante simples


TCH
I






Gramática

Ao se perguntar “onde você vai? “ – em Tikuna – ngexta cuxũ? – observe que o ‘x’ representa uma pausa glotal, dessa forma, a pronuncia ficara como “nhê-ta cú-un?’

Chapatawa chaxũ – vou para casa. Cha (1a pessoa) patawa (casa) chaxũ (eu vou)

cuega = nome – taxacüi cuega =  ‘como é seu nome?’
taxacüii naega? Qual é o nome dele?
Chaega Eni – Meu nome é Eni

Básicos do dia-a-dia:
Ngüũ – sim – a letra ‘ü’ tem o mesmo som do ‘y’ no Tupi Antigo (a pronúncia aproximada é nhun) 
Tama – não 

Verbos

Verbo ir
Chaxũ – cha (primeira pessoa - eu)  xũ ir - eu vou
Cuxũ – tu vais 
Naxũ – ele vai
Taxĩ – nós vamos – (xĩ morfema de plural)
Pexĩ – vocês vão
Naxĩ - eles vão

Texto 

-Tchamanaãcü, nucüma i nori i tchama - cüana?? – tchou nangema ya tchaunatü, natürü tchama ru Tunetüwa* tchaya, Tunetucuã’ tchií i tchana,  natürü mu’üma i duũũgü rü tama núũ nacua’ega na nhunhaãcü nayi’iü I tchoru maũ, ru tchorü bu, na ngeta na tchabuü; tchama tchabu cüana i nagu i tunetü, ngema nu’cümaütchima ngeta Yo’i tüũ i pogüũwa, ngema Eware** nawa ngemaũ i tunetügu tchabu i tchama.

Eu mesmo, antigamente existia meu pai para mim, não é mesmo?? – Então eu me criei no Tunetü*, sou natural do Tunetü, mas muitas pessoas não sabem como é minha vida e minha infância e onde eu nasci. Eu nasci no Tunetü, aquele onde a muito tempo Yo’i nos pescou, no Eware**, dentro do Tunietü, nasci eu. 

*Tunetu – igarapé da derrubada;
**Eware – local mítico de origem de todos os Tikuna.

Dialogo da etnia Kaingang - :ẽn jiji hẽ ne (ke)ti / ‘Como é o seu nome?’ - Iñ jiji ne Kagru - Meu nome é Ka􏰁gru

A língua Kaingang é uma das línguas da família Jê, de ordem predominante SOV, integrante do tronco Macro-Jê. O Kaingang e o Xokleng (língua muito próxima do Kaingang, hoje falada apenas em Santa Catarina) formam o conjunto restrito das línguas e culturas Jê do Sul do Brasil. A maioria das línguas e povos da família Jê vive bem mais ao norte: os Xavante (Mato Grosso), os Parakatéye (Pará), os Mebengokre, conhecidos como Kayapó (Pará e Mato Grosso), os Xerente, os Krahô, os Apinayé (Tocantins), os Apaniekrá, os Pukobyé, os Krinkati (Maranhão) e alguns outros.

Assim como no idioma japonês, os kaingang usam posposição nominativa, uma partícula que marca o sujeito ‘wã’ e.g.a fala - ‘eu sou Kingang’ - Ik wã Kaingang (Ik 1a pessoa do singular, posposição nominativa wã).

Em diversos nomes e topônimos Kaingang percebemos a recorrência de GOI ou GOIO (município de Goioere, Goioxin, Goio-en;, etc.), significa água, rio. De fato, a palavra é NGOI, porque na pronúncia Kaingang, antes do “G” há um som nasal que pertence à consoante, parecendo “ng”.

Outro som recorrente é o RÊ (Cherê, Jembrê,Erebango, etc.) significa campo, campina, mas devido à forma como os Kaingang pronunciam o seu R, os brasileiros costumam registrar, na escrita, uma vogal antes do R, igual à vogal da sílaba. Por exemplo, a palavra RÃ, que quer dizer “sol”, é comum encontrarmos escrita, por 4 pesquisadores brasileiros,como ARA ̃ou ARAN .

Assim temos:

- GOIOXIM = NGOI + XĨ = água pequena, isto é, rio pequeno.
- EREXIM = RÊ + XĨ = campo pequeno.
- EREBANGO = RÊ + MBÂGN = campo grande, campina grande.
- GOIO-ERÊ = campina d’água
-
Existem muitas diferenças regionais entre os falantes de Kaingang, a mais importante esta a distinçao de falantes de São Paulo e falantes do Sul. D ́Angelis (2000, p.127) diz que, “diferentemente dos dialetos do Sul, o Kaingáng de São Paulo está ameaçado de extinção”77. E, em trabalho posterior, ao tratar a unificação e diversificação ortográfica, o autor mostra que:

O isolamento geográfico terá sido, certamente, uma das causas da diferenciação dialetal mais pronunciada observada nos Kaingáng paulistas em relação aos grupos Kaingáng situados ao sul do Paranapanema. Outras razões certamente serão as relações interétnicas estabelecidas em cada região (não apenas com respeito ao sul e norte do rio Paranapanema, mas também, em regiões distintas dos Kaingáng da parte meridional), o que implicou em empréstimos e mútuas influências entre as diferentes línguas. (D ́ANGELIS, 2005, p. 30)

Pronomes pessoais

Essa diferença pode ser bem observada entre os pronomes pessoais de aldeias relativamente próximas, a de Icatu em Braúna-SP e a aldeia Vanuíre localizada em Tupã-SP:


CONVENÇÃO LINGUÍSTICA Aldeia Vanuíre (2000)
USOS RECENTES Aldeia Icatu (2010)
EM PORTUGUÊS
1. ik
ik
Eu (1a.p.s.)
2. ã
Você (2a.p.s.)
3. ti
Ele (3a.p.s.)
4. wi
Ela (3a.p.s.)
5. eng
eng
Nóŝ (1a.p.p.)
6. ãiak
ẽ wã
Voceŝ (2a.p.p.)
7. ak
ak tí
Eles(3a.p.p.)
8. wak
wak wí
Elaŝ (3a.p.p.)

De forma geral, segue construção gramatical básica, compreensível em ambas as aldeias:

Inh panh ta jun hur
1SG pai NOM chegar agora.PAS
‘Meu pai (já) chegou.’

ẽn jiji hẽ ne (ke)ti 
‘Como é o seu nome?’
ẽn 2SG jiji nome hẽ (marcador de interrogação ‘como’ hẽ) 3SG.M (literalmente como ele te chama?) 

Meu nome é Ka􏰁gru
Iñ jiji ne Kagru
Eu sou denominado Kagru (nome típico dos Kaingang)
adaptado de D ́Angelis, 2008a, p.46

Verbos

Verbo chegar

Inh panh ta jun hur
1SG pai NOM chegar agora pas
Meu pai já chegou

Kófa t􏰂 jun huri. 
Velho NOM chegar já
‘O velho já chegou’

Eu - ik wã jun
Tu - Ti tĩ jun
Ele – Ti wã jun
Ela – Wi wã jun
Nós – En wã jun
Vós  - Eẽ wã jun
Eles - Ak wã jun
Elas – Wak wã jun

Kotit_e ti-wã iamĩ _kuprí kakané pehut nha-tĩ 
Criança_PL 3SG-NOM pão_branco fruta comer ASP-ir
As crianças foram comer pão e fruta

Verbo dar
I-ma-nim 
1SG-BENEF-dar
‘Dá para mim.’

Ti mâ nim 
3SG.M BENEF dar
‘Dá para ele.’

Texto em Kaingang

Kanhgág ag tóg ẽmã tag kren ja nῖgtῖ, fó ag mỹ prỹg tỹ 1960 kuju kãmῖ, kanhgág ag tỹ ga tag kri nỹtῖ ja ag pétẽn kãn ja ag nῖ fóg ag. Kỹ sóg nén
kar tag kãmῖ ũn tátá tag fag rãnhrãj kỹ han ja ẽn to inh vẽnhrá han jé ke
mũ. Fag jagnẽ kóm han han ja ẽn, fag tỹ fag krẽ jijinjin, gaf krẽ krẽ ti ke
gé. 

A aldeia sofreu, até meados de 1960, o esbulho total de seu território e a expulsão dos nossos antepassados kaingang que ali viviam. Nesse contexto, estudo a atuação dessas mulheres, considerando suas trajetórias, os seus caminhos e de suas famílias, bem como as alianças entre as mulheres, as redes de parentesco e a preocupação com a nominação kaingang dos filhos e netos, com sua influência na vida da pessoa. 

3- Terena
Diálogo em Terena-Kutiá Kéha? Como se chama? Pedro ngeha - Me chamo pedro

A terceira língua mais falada no Brasil, da família Aruak, pertencente ao subgrupo maipureano, muitos de seus falantes têm pouca proficiência no idioma português; 20% são alfabetizados em seu próprio idioma, e 80% no português, tal como o Japonês, é uma língua aglutinante:

Nake ie ihe? Como você está?
Unati n’goiye – eu estou bem.
Unati upan neiye – Bom dia!

É falado principalmente no estado do Mato Grosso do Sul, especialmente nos municípios de Aquidauana, Miranda, Nioaque, Sidrolândia, Anastácio e Dois Irmãos do Buriti; também se encontram falantes do terena em Porto Murtinho, na terra indígena dos cadiueus, em Dourados, na terra indígena guarani-caiouá, e em São Paulo, no Posto Araribá, perto de Avaí e Bauru.

Vogais

 


i ĩ iː
(ɨ)
u ũ uː
Medial
e ẽ eː

o õ oː
ɛ ɛː

ɔ ɔː

a ã aː

[5]

Consoantes

 


surda
p
t

k
ʔ
pré-nasal
ᵐb
ⁿd

ᵑɡ

surda

s
ʃ

h
pré-nasal

ⁿz
ⁿʒ


m
n




ɾ




l



w

j


Gramática

Um dos raros idiomas que apresenta a seqüência VOS (verbo-objeto-sujeito) sem duvida uma das principais particularidades do Terena - na frase Koepekoatimo huyeno ne kamo, o verbo vem no inicio da frase, literalmente “matará o homem este cavalo”

“Enepone xâne ákoti yútoe enóne ne xâne ákoti píha tumúne”.
“O povo que não tem escrita é um povo que não se desenvolve”. Vygostk

Pronomes

Undí – eu Undi xünati – eu sou forte
Iití – você – iití xünati – você é forte
Né’e – ele – Xünati né’é – ele ou ela é forte
utí – nós – Uutí xünatí – nós somos fortes
 vós não existe na língua Terena
Xünatihiko – eles são fortes

Verbos

Arau-ng-o-ti-mo - eu vou nadar – 1SG nadar modo futuro
Y-arau-k-o-ti-mo – você vai nadar – 2SG nadar modo futuro
o-arau-k-o-ti-mo – Ele (ou ela )vai nadar – 3SG nadar modo futuro
V-arau-k-o-ti-mo – Nós vamos nadar – 1PL nadar modo futuro
Y-arau-k-o-ti-noe-mo – Vocês vão nadar – 2PL nadar modo futuro
o-arau-k-o-ti-hiko-mo – Eles vão nadar – 3PL nadar modo futuro

ma-hi ovoe ko-eha?
-EVID jabuti CAUS-nome
"Se chamava jabuti".

Heruruxa ne ihe yara hoyuhopetike – rabisque seu nome nesse caderno;
Yitaxa ihe yara keyuhopeke – escreva seu nome no caderno;
Mbahukoa yundoxea ne ihe – errei de escrever seu nome

Kutiá Kéha? Como se chama? Pedro ngeha - Me chamo pedro

Texto em Terena

“Enepone vokoo ho'openo


voko'o n. acauã. (ave, Herpetotheres cachinnans)

oti heru kixo peyo kaxe ahati ihamakea xoko movo'oti xuve tikoti oposiko nika, kutiati semu, koexoe. kuanemaka imapeti enepo eneo, akomaka topi inonexoku sairio sairio kixoa ne tuti. Enepo haikopono ouke ovokuti vaere kikoekone eto'okoti koe neko xane meku. Kuane enepo kamokono eneya ya xapa uhiti koima'iti kixoku ne eneya. Kuane akomaka eneohi akoe, kuatru koe okoku enepo eneo, ukeaku yuponiti, ukeaku kassati, ukeako mane koke yoko onomekopoku kiyoi kaxe.Enepo eneo ya ukeaku mane koke kixoikoti keno'okea xunati uko, enepo eneo ya ukeaku kassati, kixoikoti kassati, enepo eneo ya ukeaku yuponiti unati eyekouti, enepo eneo ya onomekopoku kaxe harakene vahere eyekouti. Enepora yutoiti undi yutoxoa ngaunae
yuho xane meku, epoxo kanauti
kixoikone.”

Português

O acauã é um pássaro da família dos gaviões e se alimenta de insetos e répteis como lagartos, cobras entre outros. É um pássaro muito ágil e usa as suas garras para pegar presas. É uma pássaro muito "agoreiro", segundo os antepassados, quando ele passa cantando em cima de uma casa é sinal que alguma coisa ruim vai acontecer naquela família, como morte por exemplo. Ele canta em quatro sentidos: norte, sul, leste e oeste e para cada canto tem um significado. Quando canta para o norte está avisando que vai chover, para o sul avisa que vai esfriar, para o leste é aviso de que alguma coisa muito boa vai acontecer para quem ouvir, já para o norte está avisando de algo muito ruim, como morte. Esses são os relatos dos antepassados que eu guardo e acredito por que já presenciei muito desses avisos.
Fonte: Anésio Alfredo Pinto, 2013)

6 – Makuxí

Diálogo Makuxi - Anî’ ayese’? - Qual é seu nome? Uyese’ Ani’ke - Meu nome é Ani’ke
Macuxi é a mais populosa das línguas Karib, sendo falada por 30 mil pessoas no Brasil e na Guiana. Também conhecido como Teweya ou Teueia. Abbot (1991) descreve Macushi como tendo ordem de palavras OVS (objeto – verbo – sujeito), porém, para destacar o sujeito se usa SOV.




Consoantes[3]

surda
p
 

t
 

k
 
sonora
b

d


surda


s

h
sonora
z


m

n






w


j



Gramática

Assim como grande parte das linguas indigenas americanos, o Macuxí também faz uso da adjetivação do substantivo:

Aranne' pe pra e'tî, ta'pîiya.
Não tenha medo, ele disse
Temerosos como não seja disse ele.

Pronomes pessoais 

Tal como no Tupi antigo, existem duas formas de ‘nós’, o exclusivo que deixa de fora o interlocutor e o inclusivo, no qual o ouvinte faz parte do grupo.

Uruî – eu,me,mim
Amîrî – tu, te, você, lhe
Mîîkîrî – ele, ela
Anna – nós, nos, nosso, nossa (exclusivo)
Uurînîkon – nós (inclusivo)
Amîrînîkon – vocês
Inkamoro – eles. 
To – eles, elas, deles, delas

Verbo
Verbo chegar
Uuipî – Eu chego
Aipî – Você chega
Iipî – ele, ela chega

Eu sou bonito – Mîînîrîpe uurî
Minha esposa é bonita – Ema’non u’nopî
A lua é bonita – Morî kapoi

Os Makuxis tem topônimos em seu próprio idioma para o lugares com nome em português:
Kuai Kîrî – Boa vista
Ken Pona - Rio Branco
Pîkaruma ipin – Serra da missão do Surumu

Anî’ ayese’? - Qual é seu nome? Uyese’ Ani’ke - Meu nome é Ani’ke

Inkamoro epuꞌnenan aminke pai iipîꞌsan warayoꞌkonya tenkuꞌtîsaꞌ epuꞌtî tîuya
yeꞌnen pata esaꞌ Herodes ekoreꞌmaꞌpî mararî pra. Mîrîrî yeꞌnen tamîꞌnawîronkon moreyamîꞌ warayoꞌkon tîꞌka meꞌpoꞌpîiya asakîꞌne konoꞌ maꞌrankon Belém po. Moropai iwoi tîîkoꞌmansenon. Inkamoro moreyamîꞌ asakîꞌne konoꞌ maꞌrankon tîꞌka meꞌpoꞌpîiya maasa pra inkamoro warayoꞌkon aminke pai iipîꞌsanya, îꞌ pensa kaiwano’ era’ma’pî tîuya’nîkon ekareme’sa ye’nen.

Português

Quando Herodes percebeu que havia sido enganado pelos magos, ficou furioso e ordenou que matassem todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e nas proximidades, de acordo com a informação que havia obtido dos magos.


Dialogo em Sater-Mawé - Kat ei eset? -> Qual o seu nome? - Valeria 

O idioma Sateré-Mawé é falado por aproximadamente 10 mil indivíduos sateré-mawé que habitam, em sua maioria, as margens do médio rio Amazonas, na região fronteiriça dos estados Amazonas e Pará, do tronco linguístico Tupi. 

Como tem raiz Tupi, o idioma também faz uso da adjetivação do substantivo - para se dizer ‘Eu estou com raiva’, diz-se literalmente ‘eu enraivecido’, com o sujeito ‘eu’ no inicio da frase e o verbo no final (SOV) ficando assim: Uipy’ahak (eu – py’ahak, enraivecido). 

Se tiver interesse em saber mais, existe esse grupo no FACEBOOK - https://www.facebook.com/groups/362923040386578/

Básicos do dia-a-dia:

Ihot’ok -> Bom dia
Heika’at -> Boa Tarde
Wantym -> Boa Noite
Eriot! -> Vem!
Ei!-> ok!
Waku Sese!-> Tudo bem!(Muito Obrigado!)
Aikotai?? -> Como está?
Uito uipat ewywo -> Eu quero ir com você
Uhesy’at -> Tô com fome
ta’i -> sim.
En -> você.
Ui’ahu -> tô doente(com febre)
Moroky’e -> TE AMO
Torania -> Todos!
Uhehat’at aru! -> Sentirei Saudade!
Kan? -> Oquê?
Yt kat hap’i -> de nada
Uhe na’ak -> Estou com frio
Areken’e kahato -> Tenho muito medo
To’iro -> Vamos!
Are y’utui -> Quero água (tô com sede)
Uipy’ahak -> Estou com raiva
Arehum kahato -> Estou Feliz
Uiket’at -> estou com sono!
Mowyro -> Ajuda
ha’ã -> sim (fala feminino)
Mi’itã -> Com certeza
U’i -> Farinha
Mi’u -> Comida
Y’y -> água
Waikiru -> Estrela

Pessoas e Animais

Seruwai -> Cunhado
Mi’i -> Ele
hary -> Vó
haryporia -> Mulher
hirokat -> Criança
Puruwei -> Professor
Puruweira -> Professora
Popera -> Caderno
Pira -> Peixe
Meh? -> Moço
Pi’ã hin -> Moça
Waipaka -> Galinha
Aware -> Cachorro
Ase’i -> Idoso
Uito -> Eu
hapiri -> rato
Moi -> Cobra
Ahut -> Papagaio

het = nome - katsom eset =  ‘como é seu nome?’
Kat ei eset? -> Qual o seu nome?


Verbos
Em Sateré-Mawé os verbos médios e ativos são formados, basicamente, de prefixo pessoal agentivo (que indica o agente da ação), seguido de índice radical verbal (Uito uipat ewywo -> Eu quero ir com você). Os verbos ativos, especificamente, podem ser flexionados por prefixo pessoal inativo ou prefixo portmanteau.

Conjugação do verbo falar - haˆ ‘falar’

uhehaˆ - ‘eu falo’ - 1SG:So-rel-falar
ehaˆ ˆ - ‘tu falas’ - 2SG:So-rel-falar
ihaˆ ˆ - ‘ele fala’ - 3SG:So-rel-falar 
uruehaˆ ˆ -  ‘nós falamos’ - 1PL.EXCL:So-rel-falar
ahehaˆ ˆ - ‘nós falamos’ - 1PL.INCL:So-rel-falar 
ehehaˆ ˆ ‘vocês falam - 2PL:So-rel-falar
i’atuehaˆ ˆ - eles falam’ - 3PL:So-rel-falar

REFERÊNCIAS

ALKMIM, T. Sociolinguística. Parte I. In: MUSSALIM, F & BENTES, A. C. (Org.). Introdução à Linguística: domínios e fronteiras. Vol. 1. São Paulo: Cortez, 2001.
ALVAREZ, G. O. O ritual da Tocandira entre os Sateré-Mawé: Aspectos simbólicos do Waumat. (Série Antropologia 369). Brasília, Universidade de Brasília. Disponível em: <http//vsites.unb.br/ics/dan/Serie369empdf.pdf>. Acesso em 03/03/2007
ALVAREZ, G. O. Sateré-Mawé: Do movimento social à política local. (Série Antropologia 366). Brasília, Universidade de Brasília. Disponível em: <http//vsites.unb.br/ics/dan/Serie366empdf.pdf>. Acesso em 03/03/2007.
____________. A Língua Kaingang, a formação de professores e o ensino escolar. In. ALBANO, E. (orgs). et all. Saudades da Língua: a linguística e os 25 anos do IEL. Campinas/SP: Mercado das letras, Campinas, 2003. p. 373-391
D ́ANGELIS, W.R.; SILVA, M.A.R. Estructura silábica y nasalidad vocálica en el Kaingang paulista. Actas I Congreso de Lenguas Indígenas de Sudamérica, Lima-Peru, tomo I, Universidad Ricardo Palma,
DIETRICH, W. More evidence for an Internal Classification of Tupi-Guarani Language. (=Indiana, Supplement 12) Berlin: Gebr. Mann, 1990
FRANCESCHINI, Dulce do Carmo. La Langue Sateré-Mawé: Description et Analyse Morphosintaxique. 1999. 297 p. Tese (Doutorado) – Université Paris VII (Denis Diderot), Paris, 1999.GRAHAM, A. & S. Assinalamento fonológico das unidades gramaticais em Sateré. Tradução Mabel Meader. (Arquivos de Anatomia e Antropologia, Vol. III – ano III). Rio de Janeiro, 1978. p. 219-231.
GRAHAM, S. Sateré-Mawé Pedagogical Grammar. Summer Institute of Linguistics, 1995.
LEITE, A. G. de O. Educação Indígena Ticuna: Livro didático e identidade étnica. Dissertação (Mestre).UFMT.Cuiabá, 1994.
NAVARRO, EDUARDO DE ALMEIDA
Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos
Editora Vozes, 1998
NIMUENDAJÚ, C. Zur Sprache der Maué-Indianer. Journal de La Société des Américanistes 22. 1929. p. 131-140.
NIMUENDAJÚ, C. The Mawé and Arapiun, Handbook of South American Indians, Vol. III: Cooper Square publishers, N.Y. 1948. p. 245-254.
PIKE, K. Phonetics. Michegan, University of Michegan Press. 1943. ____________.Phonemics: a Technique for Reducing Language to Writting.
Ann Arbor, University of Michegan Press. 1947.


Um comentário:

  1. Vou fazer uma apresentação para crianças na Polonia e usei parte desses quadros ilustrativos para apresentação. Obrigada.

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