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segunda-feira, 6 de julho de 2020

Caeté

Indigenas Caetéem Toy Art
#NomesOutros nomes ou grafiasFamília linguísticaInformações demográficas
4ACaeté
Tupi-Guarani
UF / País

SE,PB,BA



Etnia que ficou famosa por terem atacado e comido o Bispo Sardinha, episódio que ficou famoso com o manifesto antropofagico da Semana de 22, Kaa-etê em Tupi-Antigo significa "gente da mata", viviam no território que compreende o intervalo do rio São Francisco até a ilha de Itamaracá, Recife e Olinda faziam parte desse território.

Eram conhecidos por sua valentia e por não aceitarem pacificamente a ocupação de suas terras. Eram pessoas diferentes: de altura mediana, cabelos pretos e lisos, olhos escuros e penetrantes, o pés achatados e finos na parte superior e inferior, motivados pelas grandes caminhadas.

Os índigenas Caeté mantinham negócios com franceses no contrabando de pau-brasil escoados para Europa, através do rio São Miguel na Praia dos Franceses. O donatário da capitania de Pernambuco resolveu acabar com o contrabando do pau-brasil, que servia de matéria prima para a produção de tinta e seus derivados, o solo miguelense era repleto dessa madeira, por essa razão os índios caetés começaram a odiar os portugueses.
Gravura de Theodore de Bry representando os “cercos de Igarassu” em Pernambuco no ano de 1549. Reproduzida da edição original de 1557 em Marburgo, Alemanha, do livro de Hans Staden, Duas Viagens ao Brasil.

Manoel da Nóbrega chegou 29 de marco de 1549, junto com Tome de Souza, e entendeu que só teria poder efetivo se trouxesse um bispo para o Brasil, posto que o Brasil ainda fazia parte da diocese de Funchau na Ilha da Madeira.

Nóbrega enviou uma carta para Simão Rodrigues, chefe dos Jesuitas em Portugal e para Rei D.Joao III, 1551 requisitando que o Brasil virasse um bispado.

Foi então que chegou no dia 22 de julho de 1551 Pero Fernandes Sardinha, nascido em Evora, veio para o Brasil, para assumir o cargo de bispo. Sardinha estudou em Salamanca e também no colégio de Santa Bárbara de Paris, que pertencia a Diogo Gouveia, o idealizador das Capitanias hereditárias. Foi enviado para Goa, na Índia e passou a ganhar muito dinheiro com seu prelado para “perdoar os pecados em troca de penas pecuniárias”, depois desse episódio.

Ficou por uma semana na Igreja da Ajuda em Salvador más logo pediu um lugar mais digno de um bispo, para comprar a mansão de Pero de Goes e começou a se aliar a Antonio Cardoso de Barros, o primeiro ministro da Fazendo do Brasil, (o cargo na época era Provedor Mor), que ficou famoso pela construcao de Salvador com 6 empreiteiros, superfaturando e atrasando obras. Ao se alinhar com Antonio Cardoso de Barros vira inimigo de Pero Borges e Duarte da Costa, governador de Salvador.

Com essa briga toda, Manoel da Nobrega veio para São Paulo, fundar a cidade no dia 25 de janeiro de 1554 dizendo que tinha uma gerra civil em Salvador. A intenção de Nobrega o levar o Bispo Sardinha para Salvador para catequizar os nativos, no entanto ele não o fez pois odiava os índios, certa vez disse a Manoel da Nobrega, “os Indios são incapazes de compreender qualquer doutrina, por sua bruteza e bestialidade”, e foi alem, proibiu o evangelho traduzido para o Tupi Antigo, proibiu também que entrassem na igreja e qualquer manifestação tida como "indígena".

Percebendo esse desequilibrio em Salvador, morubixaba Tupinambá Tubarão empreende um ataque a vila, quando a 'gangue' de Dom Alvaro da Costa, filho de Dom Duarte entra na guerra e vence os indígenas, com isso, a câmara de vereadores decide que o Bispo Sardinha e Antonio Cardos de Barros e mais 90 aliados seiram enviados de volta ao Reino.

No dia 02 de junho de 1556, a bordo da Nao Nossa Senhora da Ajuda parte de volta para Portugual, com mais de 20 baús repletos de fortunas, procedentes de suas corrupções, e encalham na foz do rio Coruripe, sem sofrerem nenhuma baixa, descem e vao para a praia quando foram abordados por índios, eram os Caetés.

O cenário era este, Duarte da Costa era alinhado aos Tabajaras, etnia que por sua vez era alinhada aos Portugueses, inimigos ferrenhos dos Caetés alinhados com os Franceses que vinham recolher Pau-Brasil nas piscinas naturuais da praia dos Franceses (daí o nome).

Aproximadamente duzentos nativos Caeté levam os 97 portugueses, 100 a frente e 100 a traz, dizendo que iriam ajudá-los a chegar até Olinda. Ao chegar  na foz do rio, avançaram de forma que os Portugueses ficassem no meio do rio com os Caeté de um lado e do outro,  no meio da travessia são atacados com flexas vindas das duas margens, o Bispo Sardinha e Antonio Cardoso de Barros sobrevivem para serem devorados em ritual antropofagia numa tribo proxima.

A familia Duarte da Costa é tida como incompetente e logo é substituida por Mem de Sá, o dsenbargador de toga e espada, chegando junto o segundo bispo, o Bispo Leitão, (que não é devorado pelos Indios).

Caetés devoram o bispo Sardinha
Esse fato lamentável provocou tempo depois uma grande perseguição aos índios e sua quase total dizimação, determinada pela coroa portuguesa. No entanto, os caetés foram condenados por uma bula papal a extinção pelo sacrilégio de terem matado e devorado um bispo, e por um edito da Rainha de Portugal, Catarina da Áustria, em 1557, que tornava todos os índios e seus descendentes condenados, também, á escravidão. Mem de Sá chega e cumpre a risca, declara guerra justa aos Caetés, que acaba por matar também os Tabajara e Potiguar.

Esta sentença real desencadeou em 1560, a chamada guerra dos Caeté, que culminou com a extinção da grande nação indígena. Em nossa terra os índios Caeté desmandaram em busca de terras mais seguras e distantes do litoral.

Jerônimo de Albuquerque, certa vez, mandou colocar na boca de canhões, alguns índios prisioneiros e dispará-los á vista dos demais para que os mesmos voassem em pedaços. À bala e o fogo despovoou inteiramente as terras litorâneas e os que escaparam nunca mais tentaram enfrentar o colonizador, tendo que se adaptarem os novos rumos determinados pela ocupação branca.

Em nossa terra o civilizador plantou definitivamente suas raízes com a instalação do povoado de São Miguel.

Cosmologia e Religiosidade

Sua religião era baseada em principio, adoravam um deus que se chamava tupã, respeitavam com veneração a lua e o sol,também acreditavam em seres sobrenaturais, como caipora, a coruja considerada por eles de mau agouro, tinham no pajé o elemento de ligação entre eles e a divindade era também o médico e o curandeiro.

Aspectos Culturais

Na caça usavam o alçapão para pegar passarinhos, e a arapuca para pegar animais quadrúpedes e ainda o arco e a flecha.Na pesca usavam a rede de pesca, a linha de anzol feita de osso, o arpão e a própria flecha.Comiam também frutas e raízes (batata, inhame e macaxeira), peixes assados sobre brasa ou moqueados.

Dos utensílios domésticos, destacamos a rede de dormir, a gamela, a cabaça e a cuia que usavam como prato. O fabrico de cestas de palha de bananeira ou de palmeira e outros utensílios de barro.

Os índios que viviam em nossa terra, eram também antropófagos, comiam carne humana, até mesmo dos índios derrotados em combates entre si. Como confirmação podemos citar o episódio referente ao Bispo D. Pero Fernandes Sardinha cujo navio em que regressava a Portugal naufragou nas costas da foz do rio Coruripe, junto a outros cem náufragos e segundo acusações feitas posteriormente foi comido pela tribo Caeté a qual foi marcada como inimiga da civilização e a partir daí passou a ser perseguida.

Localização

Habitavam o litoral brasileiro, entre a foz do rio São Francisco e a ilha de Itamaracá, na foz do rio Paraíba, numa área limitada ao norte pelas terras dos potiguaras e ao sul pelas dos tupinambás. Mesmo possuindo alguns descendentes dos Caetés na região Nordeste, atualmente a tribo é considerada extinta.

Canibalismo e Antropofagia nos dias de Hoje

Assim como na trágica história do ritual antropofágico realizado pelos Caetés, de que o Bispo Sardinha foi vítima, no ano de 2008 o mundo ficou chocado com os crimes de Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, o canibal de Garanhuns, ex-professor de educação física (UPE ), ex-professor de Karate (FBK), escritor, ator, autor, compositor e músico.

Os crimes sequenciais de Silveira começaram a ser investigados após encontrar os restos mortais da jovem Jéssica Camila da Silva, de 17 anos, na antiga casa em que a seita macabra foi realizada. Em 2014, eles foram condenados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, ocultação e vilipêndio a cadáver (profanar ou desrespeitar), furto qualificado e a Bruna também foi condenada por falsidade ideológica. 

 As penas foram de 21 anos de prisão para Jorge e 19 anos para Bruna e Isabel, mas o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recorreu da decisão e a Turma Colegiada da 1ª Câmara Criminal do TJPE decidiu por unanimidade aumentar as penas dos três acusados.

Canibalismo e Antropofagia na Ficcão

O Manifesto Antropófago ou Antropofágico, publicado na primeira edição da Revista de Antropofagia, foi um manifesto literário escrito por Oswald de Andrade, publicado em maio de 1928, que tinha por objetivo repensar a dependência cultural brasileira. A linguagem do manifesto é majoritariamente metafórica, contendo fragmentos poéticos bem-humorados e torna-se a fonte teórica principal do movimento.
Sacerdotiza da Seita Canibal com sua Ybirapema, borduna tupinambá utilizada em guerras e em rituais

Oswald propõe as bases para uma nova formação cultural brasileira: a combinação das culturas primitivas (indígena e africana) e da cultura latina, formada pela colonização européiam, com a intenção de promover o resgate da cultura primitiva por meio da assimilação mútua por ambas as culturas. 

O Manifesto Antropofágico foi um marco no Modernismo brasileiro, pois não somente mudou a forma do brasileiro de encarar o fluxo de elementos culturais do mundo, mas também colocou em evidência a produção própria, a característica brasileira na arte, ascendendo uma identidade tupiniquim no cenário artístico mundial.

Com base nesse movimento, e nas histórias brasileiras, Luiz Pagano, autor desse blog, cria na continuação de sua HQ, 'Os Herois da Bruzundanga, publicada em 2016' ,  um episódio no qual conhecemos os TUPI-REREKOARA, ordem Tupi que guarda as tradições antigas e ainda promovem rituais de Antropofagia.

Orígens

Tupi-Rerekoara significa "os Protetores Tupi" em Tupi Antigo - conhecidos como "os derradeiros remanescentes de Îagoanharó" é uma crença que acompanhou a aurora do cristianismo, em paralelo à catequização performada pelos jesuítas no Brasil, uma seita ritualística autentica brasileira, secreta e antiga. Mnateve-se escondida por quase 500 anos, só tendo sido revelada ao mundo em 2021 após a investigação de uma série de relatos de canibalismo ritualístico, em várias cidades brasileiras.

Atribui-se a fundação da seita ao guerreiro Jaguaranho, filho de Piquerobi, irmão de Tibiriçá. Diz a tradição que, inconformado com a aliança entre Tibiriçá e os Portugueses, Jagoanharo alinhou-se aos Guarulhos, Guaianás e Carijós, para permitir a traição de Tibiriçá e consequente expulsão dos portugueses da aldeia do Inhauambuçu, região atual do triângulo histórico de São Paulo, bem como a destruição do Pátio do Colégio. 

Subjugados pela superior força da aliança dos Tupi-Portuguesa, a coalizão indígena foi derrotada em 09 de julho de 1562, no chamado Cerco de Piratininga. 

Simbologia 

Tibiriçá, como um recente bom cristão, resolveu poupar as vidas do irmão e sobrinho, e liberá-los nas Serra da Pirucaia, sem que os portugueses soubessem - Importante que se diga que Tibiriçá era conhecido por uma pintura característica, com olhos nas nádegas, que o tornava imune às traições, pois era capaz de enxergar quem o atacava por trás (do Tupi Antigo - tebira - nádegas e esá - olho). 

Logo da Seita Canibal Tupi-Rerekoara significa "os Protetores Tupi" em Tupi Antigo 

Feridos, pai e filhos acharam refúgio em meio a um grupo de Tupinambá, moradores da Serra, que os salvaram da morte. Esse pequeno grupo de varias etnias nativas resolveu se juntar para guardar as tradições 'Tupi', sem jamais se deixar ceder para a cultura europeia conquistadora. 

O primeiro ato da Ordem Tupi foi a retaliação contra a invasão portuguesa nas margens do Kururipe, que ocorreu por parte dos K'aaetés em 16 de junho de 1556, quando fizeram o ritual de canibalização do Bispo Sardinha e mais outros 90 Karaíbas.

Para criar sua própria identidade, os agora chamados de Tupi-Rerekoara, adotaram a pintura do guardião das três montanhas, duas do pano terreno, como a do Jaragua, viradas para a terra, o plano dos homens, tal como o Pico do Jaraguá (Guardião do Vale), visível da aldeia, e a terceira voltada para cima, no plano dos espíritos. Identificados com o símbolo das três pirâmides do Îaraguá.

A seita continuou suas atividades na obscuridade, alguns iniciados tatuavam as três Serras do Îaraguá em seus rostos, suas nádegas ou ainda, colocavam o símbolo na faxada de suas casas. 

Trajetória

Alem de serem guardiões das culturas ancestrais, os "Rerê", como são conhecidos entre si, combatem os males do caráter humano, detestam todas as formas de traição, principalmente a corrupção, presentes na administração pública das sociedades modernas - era muito comum encontrar políticos indígenas expondo publicamente políticos corruptos, que foram previamente julgado pela ordem, mostrando à mídia o meio de corrupção, tal como o dinheiro oferecido, devolvendo o mesmo e por fim, matando e devorando o réu.

A ordem sempre manteve ramificações na maior parte dos países americanos, asiáticos, africanos e europeus, mas o número total de membros parece nunca ter sido superior a 1200. 

- Importante reslatar que o autor condena e repudia atos de violencia, trata-se de uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


Referências

BUENO, EDUARDO. Brasil: uma história. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 18,19.
Os índios caetés: Primeiros habitantes de São Miguel dos Campos. Disponível em http://www.escritoresalagoanos.com.br/texto/2540. Acesso em 2 de setembro de 2012.
BUENO, E. Coroa Cruz e Espada.

NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 550.

Farias, Airton de (2015). História do Ceará - 7ª Edição. Revisada e Ampliada. ed. Fortaleza: Armazém da Cultura. pp. ,23. ISBN 978-85-8492-004-4

Bispo Sardinha e a antropofagia». Escola Kids. Consultado em 23 de novembro de 2019

PINTO, Tales. Bispo Sardinha e a antropofagia. São Paulo. 2005.

https://www.algosobre.com.br/historia/primeiros-governadores-gerais-do-brasil-os.html

Costa-Lima, J.L.; Chagas, E.C.O. (29 de outubro de 2018). «Six new species of Eugenia (Myrtaceae) from the Atlantic Forest of northeastern Brazil». Phytotaxa (em inglês). 373 (3): 211–220. ISSN 1179-3163. doi:10.11646/phytotaxa.373.3.4

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